"Domina o fato"

Moro manda Força Nacional proteger indígenas do Maranhão, mas ‘esquece’ área mais atacada por madeireiros

Ministro da Justiça autorizou envio de tropas depois de dois assassinatos no último sábado, mas limitou a ação a apenas uma das terras indígenas ameaçadas

Cimi-Marcos Corrêa/PR-Patrick Raunaud/Mídia Índia
Cimi-Marcos Corrêa/PR-Patrick Raunaud/Mídia Índia
Terras indígenas queimam, florestas são derrubadas e lideranças indígenas, como Paulino Guajajara, mortos em emboscadas, enquanto o ministro Moro toma decisões pouco eficientes

São Paulo – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, anunciou nesta segunda-feira (9) autorização, por meio de portaria, o envio de tropas da Força Nacional para proteger indígenas, não indígenas e servidores públicos na Terra Indígena Cana Brava, perto da qual foram assassinados a tiros, no último sábado (7), duas lideranças do povo guajajara, na rodovia federal BR-226. Porém, o documento, que deve ser publicado nesta terça-feira (10) no Diário Oficial exclui a Terra Indígena Arariboia, a aproximadamente 200 quilômetros da Cana Brava, que apresenta o maior número de invasões, roubos de madeira e caça ilegal na região. A Arariboia, área de 413 mil hectares e onde vivem cerca de 12 mil índios, vive um clima de tensão e ameaças – veladas e explícitas – desde o dia 1º de novembro, quando o guardião da floresta Paulo Paulino Guajajara foi morto com um tiro por um invasor.

Questionado pela reportagem do jornal Folha de S.Paulo, o Ministério da Justiça afirmou que a Funai não solicitou o envio da Força Nacional para a Terra Indígena Arariboia e que a intervenção foi solicitada para a Terra Indígena Cana Brava. Mas acrescentou que, “se houver necessidade, a FNSP [Força Nacional] será deslocada a outras terras indígenas”.

O governo do Maranhão já teve que tirar às pressas da Arariboia outros três guardiões ameaçados. Desde então, os principais líderes indígenas da região cobram apoio do governo Bolsonaro para garantir a segurança dos indígenas, mas a única providência da União foi enviar uma equipe da Polícia Federal para apurar o assassinato de Paulo Guajajara, juntamente com alguns servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Além disso, os madeireiros e caçadores se aproximam de uma área habitada por índios awás, considerados por indigenistas o grupo étnico isolado mais ameaçado do mundo. Os ramais abertos por madeireiros já avançaram mais de 1.200 quilômetros dentro da terra indígena.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) contabiliza, ao todo, 43 assassinatos de indígenas Guajajara entre os anos de 2000 a 2019 em situação de conflito de terra com madeireiros.

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