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Governo Bolsonaro tem projeto de acabar com os assentamentos, diz Gilmar Mauro, do MST

Coordenador do maior movimento social do país destaca ano difícil para os trabalhadores rurais, mas ressalta resistência firme

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Gilmar Mauro lembra que MST formou turma de direito no Paraná e investiu em cursos de formação para a militância

São Paulo – Desde sua campanha eleitoral e já no exercício de seu mandato, as declarações do presidente Jair Bolsonaro contra trabalhadores rurais em ocupações contribuíram para o aumento de despejo de áreas ocupadas, além de casos de violência envolvendo os sem-terra durante o ano de 2019. Estudo da Comissão Pastoral da Terra (CPT), divulgado em setembro, mostra que apenas 8% dos casos de conflitos com mortes no campo foram julgados pela Justiça brasileira. Ao todo, foram 1.468 casos registrados de violência contra os agricultores e assentamentos, inclusive com assassinatos, conforme destaca Gilmar Mauro, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

“Esse ano foi um ano difícil por uma série de razões. Nós tivemos vários despejos, várias mortes, nenhuma desapropriação de área. Tivemos um corte de políticas públicas que ajudavam a estruturar a pequena agricultura no Brasil, como os créditos e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Isso impactou a produção”, lamentou Gilmar, em entrevista ao repórter José Eduardo Bernardes, do Brasil de Fato

Para o líder do MST, as constantes ameaças feitas por Bolsonaro e seus aliados fortalecem os ruralistas. O coordenador acrescenta que o governo quer legalizar a grilagem histórica que ocorre no Brasil. “O que está em curso no nosso país é um projeto de destruição dos assentamentos. Tem a ver com titulação, mas a titulação para os assentamentos é parte dessa estratégia que busca regularizar o grileiro, no Brasil.”

Apesar de difícil, o movimento luta também para reorganizar as bases camponesas. “Ainda assim, nós conseguimos resistir em vários aspectos, muitas áreas não foram despejadas. Nós conseguimos resistir (na manutenção do) no Centro de Formação Paulo Freire, em Pernambuco. Nós conseguimos resistir ao despejo da área que produz café orgânico, em Minas Gerais. Ainda avançamos em outra perspectiva do que chamamos de reforma agrária popular, como a formação de uma turma de Direito, no Paraná, estamos construindo um processo”, destacou.

Assista à entrevista publicada no Seu Jornal, da TVT

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