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Maioria defende mais emprego e educação contra violência, diz pesquisa

Segundo Datafolha, 57% consideram que investimentos nas áreas sociais serão mais eficazes para segurança pública do que em polícia

Manifestações em defesa da educação pública marcaram o primeiro ano de reação ao governo Bolsonaro

São Paulo – O governo brasileiro não está no caminho certo nem mesmo na área em que tem o discurso mais contundente: a da segurança pública. É o que aponta levantamento feito pelo Datafolha no mês de dezembro. Segundo a pesquisa, ampla maioria dos brasileiros discorda do governo Bolsonaro e de seu ministro da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz Sergio Moro, que prioriza ideias de endurecimento penal e policial como meio de enfrentar a violência. Para 57%, investimentos sociais, como em políticas de educação e cultura, e medidas que estimulem a criação de empregos darão mais segurança à população do que ações meramente punitivas e repressivas.

Segundo a pesquisa, 41% acreditam que priorizar investimentos em polícias seria mais eficaz. Até mesmo entre aqueles entrevistados que aprovam o atual governo –que se elegeu com um discurso de endurecimento da segurança pública e investiu em propaganda para favorecer o pacote anticrime do Moro – o entendimento contradiz as atuais práticas: 51% acreditam que se deve investir mais nas áreas sociais, e 47% acreditam que se deve investir mais em polícias.

O resultado do levantamento revela que a opinião pública acaba “driblando” os principais meios de comunicação do país, no que diz respeito a abordagens tanto sobre violência quanto da economia. A violência como espetáculo – que induz as pessoas a apoiar ações repressivas – é uma das principais fontes de audiência do noticiário televisivo.

A mídia brasileira, que já havia apoiado em peso a reforma trabalhista – que não criou empregos decentes e levou ao aumento da informalidade e do trabalho precário – passou o ano defendendo amplamente a gestão econômica de Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, que fracassa em propostas de retomada do crescimento econômico.

“A despeito de retóricas ideológicas e muito caricatas, que promovem identificações superficiais, há sempre espaço para argumentação, reflexão. Quando as questões sociais são tão graves e dramáticas, como são no Brasil, com desemprego tão grande, há evidência suficiente da origem dos problemas. As pessoas são capazes de tirar suas conclusões, entendendo como a crise social afeta comportamentos”, diz o antropólogo Luiz Eduardo Soares, ex-secretário Nacional de Segurança Pública, ouvido pela Folha de S.Paulo. Leia reportagem completa.

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