sem justiça

Atingidos por barragens fecham rodovia nos quatro anos do crime socioambiental em Mariana

Com apoio do MAB, famílias interromperam tráfego na MG 129, que dá acesso à Samarco, para denunciar falta de indenizações e de moradias

Divulgação MAB
Divulgação MAB
Bloqueio feito pelo MAB é parte das atividades do encontro que ocorre de 3 a 5 de novembro, em Mariana, com atingidos de quatro áreas de Minas Gerais

São Paulo – No dia em que se completam quatro anos do crime socioambiental das mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton, em Mariana (MG), cerca de 200 pessoas denunciaram a falta de indenizações e de moradias.  O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) interrompeu, desde as 5h30, desta terça-feira (5), a rodovia MG 129, que dá acesso à Samarco. Segundo Letícia Oliveira, da coordenação do MAB, a insatisfação dos atingidos deve-se à demora na reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão. Ela afirmou que a empresa publicitária das mineradoras, Fundação Renova, cumpre o papel de enrolar os atingidos, negar direitos e criar conflitos nas comunidades da bacia do Rio Doce.

“A Fundação Renova virou ‘Fundação Enrola’, porque não fez nenhuma casa, quatro anos depois do crime. Diversas pessoas que estão aqui não receberam nada, depois de perderem tudo, até seu trabalho. É muita enrolação”, criticou, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Os atingidos também questionam a volta da operação da mineradora Samarco, mesmo não havendo reparação socioambiental na bacia do rio Doce e no litoral do Espírito Santo. “Não existe reparação socioambiental. A Fundação Renova tem feito ações no rio, colocando pedras para gerar um novo solo, mas as manchas da lama continuam. A lama que contamina, foi para as bordas, e continua prejudicando os animais e as pessoas”, relatou Letícia.

A coordenadora do MAB afirma que são 362 famílias sem casa e o número pessoas que perderam renda e emprego já passa de 10 mil. São pescadores, agricultores e comerciantes sem fonte de renda e sem nenhuma reparação nos quatro anos que já se passaram.

Os atingidos pressionam para a contratação imediata das assessorias técnicas escolhidas pelas comunidades atingidas em dezembro de 2018 e homologadas em agosto deste ano. O bloqueio feito pelo MAB é parte das atividades do encontro que ocorre de domingo até hoje, em Mariana, com atingidos de quatro áreas de Minas Gerais.