Participação política

Votação dos Conselhos Tutelares sinaliza clima para eleições municipais de 2020

Escolha para prefeitos e vereadores pode reproduzir embate entre setores progressistas e fundamentalistas da sociedade. Pesquisadora aposta em maior mobilização de ala progressista

Tomaz Silva/EBC
Tomaz Silva/EBC
Mais de 144.000 pessoas votaram em São Paulo, onde pelo menos metade dos eleitos foram candidatos apoiados por movimentos sociais e setores mais progressistas

São Paulo – No último domingo (6), as eleições dos conselhos tutelares em todo o país reproduziram um movimento parecido com o pleito presidencial em 2018: a escolha dos candidatos virou uma disputa no campo político entre progressismo e fundamentalismo, com intensa campanha nos grupos de WhatsApp e outras redes sociais. O clima deve se repetir nas eleições municipais que ocorrem no próximo ano, como indica a antropóloga Jacqueline Teixeira, pesquisadora e professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

Cada conselho conta com cinco integrantes eleitos que cumprem um mandato de quatro anos. Sua função é trabalhar pelos direitos das crianças e dos adolescentes, zelando pelo cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Neste ano, o pleito ganhou destaque por conta dos embates travados por grupos religiosos para eleição de representantes, o que fez com que setores ligados à esquerda também fortalecessem suas campanhas.

De acordo com Jacqueline, no entanto, não foi com a ascensão do governo de Jair Bolsonaro, reconhecido por pautas conservadoras, que se impulsionou a mobilização dos setores religiosos. Segundo a docente, há pelo menos uma década isso ocorre, mas pela primeira vez as pessoas de uma forma geral passaram a se interessar mais pela escolha. Houve um aumento na participação apontado pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, cerca de 113 mil eleitores votaram em 2016, número que subiu para mais de 144 mil pessoas neste ano.

A antropóloga observa que o número de eleitores cresceu principalmente nas regiões mais centrais. “É importante a gente pensar como esse processo precisa ser capilarizado em outras regiões do município, exatamente para fortalecer a própria dimensão de participação política”, destaca a pesquisadora e docente em entrevista à jornalista Marilu Cabanas, na Rádio Brasil Atual.

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