batalha da visibilidade

Estado ainda confina e priva negros, LGBTs e mulheres do direito à cidade

Evento do Instituto Pólis, nesta quinta (31), Dia Mundial das Cidades, chama a atenção para a luta desses atores por espaços públicos mais inclusivos, seguros e democráticos, lembrando também dos vendedores ambulantes, que têm sido criminalizados

Rovena Rosa/EBC
Rovena Rosa/EBC
Assessor do Instituto Pólis destaca que espaços públicos devem garantir direito à cidade a todos os seus habitantes

São Paulo – No Dia Mundial das Cidades, comemorado nesta quinta-feira (31), o Instituto Pólis apresenta uma série de atividades como parte do evento “Na rua que a gente se encontra: rolês por espaços públicos de São Paulo“, que ocorre das 9h às 20h, no auditório da ONG, na República, na região central da capital paulista. Com oficina e debates ao longo do dia, o evento reflete que tipo de cidade tem se construído para a população, olhando esses lugares por diferentes perspectivas com intuito de fincar a bandeira do direito à cidade e garantir espaços públicos que sejam seguros, inclusivos e democráticos.

Realizado em parceria com o Habitat Internacional Coalition – América Latina (HIC-AL), Global Platform for the Right to the City, Unicab e o coletivo Cartografia Negra, o evento chama atenção principalmente para a apropriação de espaços por grupos considerados minoritários por terem seus direitos renegados, entre eles, os trabalhadores informais que fazem das ruas local de trabalho como vendedores ambulantes. A saída encontrada para fugir do desemprego, no entanto, enfrenta uma “criminalização pela gestão pública”, como lembra o assessor de Relações Internacionais do Instituto Pólis, Rodrigo Iacovini.

“Tem uma ordem social e pública, entre muitas aspas aí, que legitima essa criminalização que a prefeitura e a polícia tentam impor a esses trabalhadores e trabalhadoras. Isso tem sido uma questão muito complicada porque, na verdade, diz quem define para quem que é o espaço público, quando o espaço público deveria ser definido para a efetivação do direito à cidade da pessoa, de todos os habitantes, e dentro disso a possibilidade de ela ganhar sua vida e sustentar sua família”, defende Iacovini em entrevista à jornalista Marilu Cabãnas, da Rádio Brasil Atual.

Pesquisador, urbanista e coordenador da Plataforma Global pelo Direito à Cidade, ele afirma que, da forma como a cidade está pensada hoje, o acesso das pessoas LGBT também fica inviabilizado.”São várias formas de confinamento, de ‘armário’, que a cidade nos coloca dentro e que a gente está sempre tentando romper”, ressalta, sobre o movimento reivindicando visibilidade nos espaços públicos, como também tem feito historicamente a população negra.

O tema integra a discussão do coletivo Cartografia Negra, que resgata os lugares históricos construídos e ressignificados por essa população, como o bairro na Liberdade, no centro da capital. “É recolocar a população negra na história urbana de São Paulo e coloca-lá como sujeita de direitos e do direito à cidade”

O evento segue na parte da noite com uma roda de conversa aberta e sem necessidade de inscrição, debatendo essas questões na América Latina com vozes da Argentina e México. De acordo com Iacovini, a ideia é levantar as convergências e divergências entre os lugares. “Elas podem nos ajudar bastante para apontar caminhos para o nosso espaço público de São Paulo e outras cidades brasileiras e, ao mesmo tempo, também incidir sobre esses outros países e realidades.  Direito à cidade é uma bandeira internacional”, destaca.

O Instituto Pólis fica na Rua Araújo, 124, na região da Praça República, centro da capital.

Confira a entrevista da Rádio Brasil Atual

 

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