SAMBA E CHURRAS

Ato denuncia truculência de Covas e Doria contra a população da Cracolândia

Coletivo "A Craco Resiste" realiza mobilização neste sábado na região que tem sido cenário de ações violentas para "limpar" a área

arquivo a craco resiste
arquivo a craco resiste
Nesta quinta-feira (5) mais uma ação truculenta foi denunciada pelo coletivo. “A prefeitura e o governo do estado têm acirrado a violência na região em um esforço de expulsar a população pobre”

São Paulo – Ativistas que defendem os direitos da população pobre e vulnerável da Cracolândia, no centro de São Paulo, realizam neste sábado (7) ato de protesto contra a ação da prefeitura de São Paulo, que encerrou os serviços de banho, pernoite e alimentação na região, e também emparedou imóveis que serviam de abrigo e trabalho para as famílias que vivem no bairro.

Por meio da página do coletivo A Craco Resiste, a população é convidada a participar do ato, que contará com um samba e um churrasco, como forma de unir o pessoal de fora com a comunidade do fluxo. Será realizada também uma oficina de instrumentos, “para mostrar a força das criatividades moldadas pela sobrevivência”, diz o coletivo. A concentração será a partir das 14h20, próximo à esquina da Rua Helvétia com Alameda Cleveland.

A Guarda Civil Metropolitana tem atuado de forma truculenta na Cracolândia, com apoio da Polícia Militar. Nesta quinta-feira (5), mais uma ação violenta foi denunciada pelo coletivo. “A prefeitura e o governo do estado têm acirrado a violência na região em um esforço de expulsar a população pobre”, diz o coletivo.

“Cada vez mais, a pancadaria se torna a única coisa oferecida pelo poder público a essa população em situação de vulnerabilidade. Se não bastasse ter que lidar com o frio e com a chuva, moradores do fluxo estão sofrendo forte repressão da polícia.”

A Craco Resiste é um coletivo que foi constituído no final de 2016 para se contrapor à violência policial na região. Segundo denúncia, as ações fazem parte “de um esforço, com interesses eleitorais e imobiliários, de remover parte da população para longe do centro da cidade, como admitiu o governador e ex-prefeito João Doria ao iniciar a obra de um hospital que diz pretender construir na região. Um símbolo dessa gestão que tenta varrer as pessoas consideradas indesejadas”.

Enquanto o governo do estado quer construir o hospital, o prefeito Bruno Covas pretende levar os usuários para uma área cercada e equipada com contêineres, próxima à estação Armênia, da linha 1-Azul do metrô, que fica a 2,7 quilômetros da área de concentração da Cracolândia, na Luz.

Os ativistas não concordam com esses projetos que vão permitir aos dois governos dizer que “acabaram” com a Cracolândia, quando na verdade estão apenas espalhando essa população pela cidade e tornando-a invisível.

Eles dizem também que para a abertura da obra do hospital Pérola Byington, na Av. Rio Branco, “dezenas de famílias foram despejadas, inclusive proprietários de imóveis que viviam há décadas no bairro. Assim como fez quando mentiu sobre o ‘fim da Cracolândia’, Doria inaugurou algo que ainda não existe. Mas aproveitou a ocasião para se promover, maior marca do eterno candidato, escancarando os planos de forçar a remoção da população de rua e usuária de drogas para a zona norte. Nesse novo local, com menos visibilidade, prefeitura e governo estadual pretendem esconder parte da Cracolândia”.

 

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