o dinheiro sumiu

USP recebeu R$ 88 milhões para manter Hospital Universitário e não usou

Verbas de emendas tinham como destino o Hospital Universitário da USP, mas a instituição não prestou contas do uso do dinheiro

MARCOS SANTOS/USP IMAGENS
MARCOS SANTOS/USP IMAGENS
Hospital reduziu 20% o número de leitos de terapia intensiva. Desde 2014, perdeu funcionários, leitos e equipamentos

São Paulo – O deputado estadual Emídio de Souza (PT) quer que o reitor da Universidade de São Paulo, Vahan Agopyan, seja convocado à Assembleia Legislativa paulista para explicar que destino foi dado aos R$ 88 milhões repassados pelos parlamentares para manutenção do serviço do Hospital Universitário da instituição de ensino. Do total, R$ 48 milhões foram direcionados no ano de 2018 e outros R$ 40 milhões este ano. O principal objetivo das emendas seria compensar o déficit de funcionários do hospital, que perdeu 406 trabalhadores desde 2013, e garantir seu pleno funcionamento.

O deputado avalia que o Hospital Universitário da USP está sofrendo um processo de desmonte. “O Hospital Universitário da USP, referência para mais de 500 mil pessoas, tendo ainda papel essencial na formação anual de 2 mil profissionais da saúde, resiste a um processo de desmonte”, afirmou Emídio, ex-prefeito de Osasco. O requerimento para convocação de Agopyan foi apresentado na comissão de Fiscalização e Controle da Assembleia Legislativa.

O deputado disse ainda que recebeu denúncias de que o dinheiro foi utilizado no pagamento de despesas previdenciárias da USP. Por conta dessa situação, o Ministério Público Estadual chegou a fazer uma audiência pública para que a universidade apresentasse um plano de aplicação da verba no Hospital Universitário. Mas após 90 dias da entrega da verba, nenhum plano foi apresentado.

Nos últimos anos o Hospital Universitário vem enfrentando uma crise severa. Em 2014, houve uma grande demissão de profissionais. Desde então, foram diminuídos o número de leitos, exames, cirurgias, atendimentos no ambulatório e no pronto-socorro. Em 2017, a condição piorou e o pronto-socorro infantil foi fechado por falta de médicos. Em dezembro do mesmo ano, o pronto-socorro adulto passou a atender apenas emergências.

A situação comprometeu até mesmo a formação dos estudantes que fazem estágio no Hospital Universitário. Em um relatório elaborado pelos Centros Acadêmicos da USP, e entregue ao Ministério Público em julho, alunos do curso de enfermagem relataram que os enfermeiros estão sobrecarregados por conta da falta de funcionários e não conseguem orientar os estagiários. No caso dos estudantes de medicina, o fechamento de leitos reduziu a possibilidade de acompanhar o cotidiano dos pacientes e os deixou inseguros para atender plantões.