Em oposição

Em sua 25ª edição, Grito dos Excluídos registra mais de 200 atos por todo país

Protestos contra cortes na educação, reforma da Previdência e crimes ambientais, e em defesa da Amazônia e dos direitos trabalhistas ecoou em mais de 100 cidades e em todas as capitais do Brasil

UNE/Repropdução
UNE/Repropdução
Grito dos Excluídos se somou aos protestos convocados por entidades estudantis contra os cortes na educação e em defesa da Amazônia. Críticas ao gverno tomaram o dia 7 de setembro

São Paulo – A 25ª edição do Grito dos Excluídos levou às ruas mais de 200 atos por todo o país, entre os dias 5 e 7 de setembro, segundo balanço da organização divulgado neste domingo (8). Pela primeira vez, a marcha em defesa de questões sociais e do desemprego, levantou, marcando também os primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro, o tema do meio ambiente, por conta do aumento das queimadas, do avanço do desmatamento na Amazônia e dos crimes da Vale em Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais, criticando ainda os cortes na educação e a “reforma” da Previdência.

“É um governo que promove retrocessos políticos, econômicos e sociais. Então foi um grito muito importante, nós até falamos que esse é um Grito dos Excluídos contra a destruição do nosso país”, avalia o coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CPM) e da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

Sob o lema Este sistema não vale! Lutamos por Justiça, Direitos e Liberdade, as primeiras manifestações  do Grito dos Excluídos de 2019 foram registradas em Manaus, que reuniu cerca de três mil pessoas na quinta-feira (5). De acordo com a organização, ainda no dia 6 também ocorreram atos em Macapá e Barreirinhas, município do Maranhão, e mais quatro cidades.

A maior parte dos protestos foram organizados no já tradicional 7 de setembro, dia da Independência do Brasil, que desde 1994 tem seu contraponto no Grito dos Excluídos, iniciativa da Igreja Católica e que conta com adesão e organização de organizações sociais, ambientalistas, partidos de esquerda, movimentos populares do campo e da cidade, movimento estudantil, de mulheres, pastorais sociais e religiosas de diferentes matrizes e entidades sindicais.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aponta que só no Santuário de Aparecida, no interior de São Paulo, cerca de 130 mil pessoas participaram do ato. Na capital paulista, o Grito dos Excluídos se somou aos protestos, convocados por entidades estudantis, contra os cortes na educação promovidos pelo governo Bolsonaro. Em Mossoró, no Rio Grande do Norte, mais de 200 pessoas também protestaram sob gritos por igualdade, justiça social, pedindo ainda “fora, Bolsonaro” e “fora, Moro” – em referência ao atual ministro da Justiça, Sergio Moro, que protagoniza uma série de ilegalidades cometidas por ele, enquanto juiz, no âmbito da operação Lava Jato.

O coordenador nacional da CMP diz que a secretaria nacional ainda faz um balanço geral, mas afirma sem dúvida que os primeiros levantamentos mostram que os protestos alcançaram mais de 100 cidades brasileiras. Em curso desde o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2003), “para denunciar o desemprego, a exclusão social, o aumento da miséria e da pobreza” dentro do processo de privatização e diminuição do papel do Estado, o protesto deste ano foi marcado também pelo sentimento de urgência, destaca Bonfim. “É uma tragédia social, uma barbárie social que nós estamos vendo no Brasil, por isso é importante essa unidade dos movimentos, todos os seguimentos da sociedade civil, para enfrentar essa situação de retrocesso generalizado em todas as áreas”.

Ouça a entrevista na íntegra