Movimento internacional

Angela Davis vem ao Brasil para ciclo sobre colapso da democracia

Seminário realizado por Sesc e Boitempo reunirá em outubro pensadores do Brasil e do mundo para debater origens dos choques do mundo polarizado e saídas para a restauração democrática

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Angela Davis, referência na luta global pelos direitos civis

São Paulo – Aos 75 anos, a professora e filósofa norte-americana Angela Davis é uma das referências em dedicação às causas dos direitos civis em seu país e no mundo. E será ela uma das conferencista do seminário internacional Democracia em Colapso?, marcado para o mês de outubro em São Paulo. O evento é realizado pelo Sesc – em sua unidade de Pinheiros – e pela Editora Boitempo. Além de Angela Davis, a programação do seminário traz mais de 40 nomes de destaque no pensamento humanitário.

A conjuntura política e o desarranjo social global são prato cheio para o encontro. No Brasil e em diversos outros países do mundo, a democracia parecia um caminho seguro e pacificado, apesar de todas as crises. Processos eleitorais recentes no entanto, viram recrudescer ambientes nos quais a polarização política se tornou regra e muito do que havia sido construído parece correr o risco de ceder. Palavras como censura, fascismo, racismo, machismo, homofobia ganharam mais força em um cotidiano tenso.

É sob esse contexto que o seminário internacional Democracia em Colapso? propõe um amplo debate sobre as origens e as várias perspectivas históricas, políticas e sociais nas quais está mergulhado o conceito de democracia. E, ainda, como essa democracia se relaciona com o mundo real no que se refere a classe social, gênero, raça, religião e sexualidade dos cidadãos.

Mudanças no mundo do trabalho, o papel da educação e as relações familiares, a cultura e os processos de comunicação serão alguns dos temas abordados. Para refletir sobre a realidade brasileira, acontecimentos recentes também serão debatidos, como a judicialização da política, a politização do Judiciário, o papel do jornalismo na defesa da democracia, a relação entre economia, Estado e mercado.

Raça e gênero

A participação das principais autoras do feminismo negro no mundo, como Angela Davis e Patricia Hill Collins dão às questões de gênero e raça abordagem especial. Somam-se, ainda, à filósofa e ativista feminista Silvia Federici.

Angela Davis acaba de lançar Uma Autobiografia. Patricia Collins apresenta no Brasil Pensamento Feminista Negro: Conhecimento, Consciência e a Política do Empoderamento. Silvia Federici traz Mulheres e Caça às Bruxas. Todas obras editadas pela Boitempo.

O curso e os debates

Os professores Marilena Chaui, Antonio Carlos Mazzeo, Virgínia Fontes e Luis Felipe Miguel serão os responsáveis pelo curso A Democracia Pode Ser Assim: História, Formas e Possibilidades. Serão quatro aulas entre 15 e 18 de outubro, nas quais os mestres abordarão a história, as manifestações e as relações entre o conceito de democracia com o de revolução e outras formas de organização política.

Nos mesmos dias, à tarde e à noite, serão realizados 12 debates em torno da questão: Democracia para que(m)? As mesas contarão com debatedores, conferencistas e mediadores das mais diversas experiências, pessoas de gêneros, etnias e classes sociais distintas, da universidade, das periferias, do Sul ao Norte do país, para tentar tratar dos diversos significados da democracia diante de tantas e diferentes realidades.

Vladimir Safatle, Ricardo Antunes e Laura Carvalho debatem trabalho. Amanda Palha, Pastor Henrique Vieira e Flávia Biroli tratam de família, religião e política. Alysson Mascaro, Luiz Eduardo Soares e Thula Pires falam do mundo jurídico.

O escritor Ferréz, o psicanalista e professor Christian Dunker, e a socióloga Esther Solano enveredam pelo universo da hegemonia cultural. Leda Paulani, Ludmila Costhek Abílio e Eduardo Moreira abordam a economia. Michael Löwy, Sabrina Fernandes e Ruy Braga falam do anticapitalismo no século 21.

Jones Manoel, Aniely Silva e Daniel Cara discorrem sobre a educação contra a barbárie. Maria Rita Kehl, Renan Quinalha e Janaína de Almeida Teles falam da ditadura. Juca Kfouri, Marina Amaral e Patricia Campos Mello, do papel do jornalismo na defesa da democracia.

A Rede Brasil Atual é um dos veículos de comunicação que compartilham a promoção do seminário, ao lado de Folha de S.Paulo, Marie Claire Brasil, Revista Quatro Cinco Um.

Participação do público

A participação do público deve contribuir para ampliar ainda mais esse universo. As inscrições para o curso e para o ciclo de debates poderão ser feitas pelo site do Sesc São Paulo (www.sescsp.org.br), a partir de 25 de setembro; ou presencialmente na Central de Atendimento das unidades, a partir das 14h do mesmo dia.

Será possível a aquisição de ingressos avulsos por dia para o ciclo de debates a partir de 9 de outubro, na bilheteria da unidade Sesc Pinheiros, de acordo com a disponibilidade de lugares.

Os valores para o curso vão de R$ 18 (credencial plena do Sesc), R$ 30 (meia para estudantes, servidor de escola pública, mais de 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência) a R$ 60 (inteira).

Para o ciclo de debates os valores serão de R$ 27, R$ 45 e R$ 90,  respectivamente. Serão vendidos, ainda, ingressos avulsos nos dias dos debates, na bilheteria do Sesc Pinheiros, caso ainda existam lugares disponíveis: a R$ 12; R$ 20 e R$ 40.


A programação e a apresentação dos participantes está em democraciaemcolapso.com.br.
O evento será realizado no Auditório Paulo Autran do Sesc Pinheiros (Rua Paes Leme, 195).