Comida sem veneno

Agricultura familiar comemora vitórias, apesar dos ataques do governo Bolsonaro

Feira da reforma agrária entra no calendário oficial de eventos em São Paulo. E Armazém do Campo de São Paulo comemora três anos com festa e cultura

Jaqueline Deister/Reprodução
Jaqueline Deister/Reprodução
Produtos da reforma agrária, debates, atividades culturais: tem tudo isso na loja do MST

São Paulo – A Feira Nacional da Reforma Agrária, proibida de ser realizada este ano pelo governador João Doria (PSDB), agora faz parte do Calendário Oficial de Eventos de São Paulo. O projeto de Lei 17.162, de autoria de Jair Tatto (PT), foi votado e aprovado pela Câmara de Vereadores e publicado na quarta-feira (4), no Diário Oficial do Município.

Segundo o parlamentar, “o objetivo é dar maior visibilidade para a agricultura familiar e a produção orgânica, fruto do processo de reforma agrária em todo país”.

A lei é uma vitória diante de uma conjuntura de ataques ao setor. Depois de uma expansão de mais de 10 vezes no orçamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, a verba estagnou e deve ter uma queda de quase R$ 6 bilhões na safra 2019/2020. Os recursos destinados pelo governo de Jair Bolsonaro ao Plano Safra até subiram, mas o aumento direciona-se exclusivamente ao agronegócio.

A direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) comemorou a aprovação da lei que mostra a importância da feira da reforma agrária para a cidade. “E, embora seja apenas um passo, as portas do município estarão muito mais abertas à realização da feira no parque da Água Branca.”

A feira do MST deveria ter ocorrido entre 3 e 5 de maio. Mas foi adiada devido a não liberação do local. A alegação de Dória foi de que a estrutura do parque, na zona oeste da capital paulista, não comporta o evento. Este, no entanto, seria o quarto ano da feira na Água Branca, sempre sem qualquer intercorrência negativa.

O MST informou que segue na tentativa de viabilizar soluções para a realização da atividade que agora faz parte oficialmente do calendário da cidade. A nova data prevista para a feira é de 3 a 6 de outubro, ainda sem local definido.

Atacada desde o golpe, a agricultura familiar responde por 70% da produção de alimentos consumidos no país, ocupando apenas 25% das terras destinadas à produção agropecuária. Parte dessas terras é oriunda da reforma agrária, também severamente desmontada desde 2016.

Três anos de Armazém

A novidade torna ainda mais especial o aniversário de três anos do Armazém do Campo, em São Paulo. Localizada na região da Santa Cecília, centro da cidade, a loja comercializa produtos dos agricultores familiares assentados pela reforma agrária. E promove uma série de debates, espetáculos artísticos como os que comemorarão o terceiro ano de sucesso do Armazém que tem unidades também no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Belo Horizonte.

Além do já famoso almoço da Resistência, a festa, que tem início nesta quinta (5) e vai até o sábado (7), contará com rodas de conversas, saraus, apresentações musicais.

Acompanhe a programação completa

O Armazém do Campo fica na Alameda Eduardo Prado, 499

Dia 5
17h: Debate Comida Saudável x Agrotóxicos com Gilmar Mauro, da direção nacional do MST e com Julio Bernardo, do Boteco do JB
19h: Sarau de Poesias com a Frente Palavras Rebeldes do MST e, logo após, apresentação musical com as Cantadeiras

Dia 6
Durante todo o dia o Armazém receberá a visita de estudantes de escolas do bairro para uma oficina de agroecologia
19h: Viola caipira com Fabius e Júlio Santin

Dia 7
10h Café da Reforma Agrária
12h Almoço da Resistência
16h Roda se samba com samba com Railidia Carvalho, Paulinho Timor, Kae Rolfsen e Paulo Godoy.

Leia também

Últimas notícias