TEMPOS BICUDOS

Preta Ferreira: ‘Ficar nesse lugar mostra quão grande é a luta, e como eu tenho de lutar mais’

Em podcast, liderança dos sem-teto do Centro, em São Paulo, conta como tem sido sua vida na prisão, onde está há 63 dias

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Janice Ferreira, a Preta, é filha da coordenadora da FLM Carmem Silva e foi presa arbitrariamente em junho deste ano

São Paulo – Presa há 63 dias na Penitenciária Feminina de Santana, em São Paulo, a líder do Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC), Preta Ferreira, participou na sexta-feira (23) de gravação de novo episódio do podcast Bar das Manas, que discute temas do espectro das minorias e do feminismo.

“Chegar aqui só aumentou ainda mais a consciência de que somos todos iguais, independente da cor ou da classe social. Para mim, ficar nesse lugar só me mostra o quão grande é a luta, e que eu tenho que lutar mais e mais ainda. E que isso me deu mais força, porque se eu estou aqui é porque eu estou fazendo alguma coisa boa lá fora, porque eu não estaria presa à toa. Não tem nenhuma prova contra mim”, afirma Preta, que nessa produção fala como tem sido sua vida na prisão.

Aos 35 anos e formada em publicidade, Preta foi presa no dia 24 de junho por suspeita de extorsão, sob alegações de que teria feito cobranças indevidas de moradores de ocupações, quando na verdade apenas atuou para organizar essas moradias, e dotá-las de condições mínimas.

“Viver aqui só mostra o quanto o Brasil ainda não se libertou da escravidão, o nosso país foi o último no Ocidente a libertar os escravos. Tem um racismo velado que nos persegue, um racismo que não deixa o povo preto ter as mesmas oportunidades que o povo branco. Viver aqui é um reflexo sim de onde o povo pobre e preto nesse país tem que estar, e onde o povo rico e branco tem que estar. A gente vive em um país dividido sim”, afirma Preta.

O podcast é apresentado por Larissa Sampaio e conta com participação da assistente social e psicóloga Martina Franchini.

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