intolerância

Defensor de direitos sociais, padre Ticão sofre ameaças de grupos conservadores

Líder católico na zona leste de São Paulo realizou um evento com feministas e foi atacado por fundamentalistas

TVT/REPRODUÇÃO
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O grupo que atacou o padre Ticão chegou a incitar a diocese de São Miguel Paulista para expulsá-lo. 'Nós estamos processando todas essas pessoas que têm preconceito', disse o pároco

São Paulo – O padre Antônio Luiz Marchioni, o Ticão, tem sido alvo de ameaças de morte por parte de conservadores, após realizar um debate sobre aborto e uso medicinal da maconha, no último sábado (10).  Há 30 anos, o líder religioso é reconhecido por lutar pelos direitos sociais, em Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo.

A fúria de grupos fundamentalistas da Paróquia São Francisco de Assis começou após a 36ª Semana da Juventude, no sábado. O evento tratou sobre racismo, políticas públicas, juventude, além de uma celebração ecumênica e uma romaria de jovens à Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Os ataques começaram nas redes sociais, mas foram dirigidos ao local. Tainá Gutierrez, do grupo de jovens da igreja, rebate as calúnias contra o padre e os jovens.

“Em outras edições da semana da juventude já tínhamos tratado de temas semelhantes a esse, como a saúde preventiva e o aborto. Para quem viu somente o cartaz, parecia que a gente estava criando um ‘movimento abortista’ dentro da comunidade. Sem se dar o direito de duvidar, começaram a fazer notas de repúdio, sem querer entender o movimento”, relatou ela, em entrevista à repórter Dayane Ponte, da TVT.

Rafaela Guabiraba, integrante da Igreja Povo de Deus em Movimento, ficou espantada com a demonstração de ódio. “A palavra que ficou estagnada foi o medo. Foi assustador. Nunca tinha visto algo tão agressivo por membros da nossa própria igreja. Tem pessoas que foram ameaçadas até com ligações anônimas”, disse.

O grupo que atacou o padre Ticão chegou a incitar a diocese de São Miguel Paulista a expulsá-lo. “Nós estamos processando todas essas pessoas que têm preconceito. Por exemplo, eles fizeram uma série de difamações contra a minha pessoa e a paróquia. São pessoas que carregam símbolos religiosos e armas, mas eles têm onde se espelhar, com um presidente que defende a tortura”, afirmou o pároco, que contou com manifestação de apoio, também no sábado.

Um inquérito instaurado no 62º Distrito Policial, de Ermelino Matarazzo, apura os crimes de ameaça, injúria e difamação. Um homem que não é policial militar e enviou ameaças de morte ao padre vestido com farda da Polícia Militar também é investigado, segundo o jornal Folha de S.Paulo.

Para Tabata Tesser, do grupo Católicas pelo Direito de Decidir, essas manifestações de ódio não refletem o que a religião católica representa. “Isso está inserido no fundamentalismo religioso e do obscurantismo com as pautas consideradas polêmicas. Nós sofremos uma tentativa de silenciamento, mas não passa disso. A ameaça de morte do padre é uma posição anti evangelho”, criticou.

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT