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‘Doado’, muro verde de Doria custa R$ 103 mil por mês para prefeitura

Dois anos após ser inaugurada como "presente aos paulistanos", obra precisou ser revitalizada e a gestão Covas agora gasta dinheiro público para mantê-la

Cris Faga/Fox Press Photo/Folhapress
Cris Faga/Fox Press Photo/Folhapress
Muro verde se tornou uma doação bastante custosa para a população de São Paulo

São Paulo – “Aqui não há dinheiro público. Nem na implantação, nem na manutenção”, disse o então prefeito e atual governador paulista, João Doria (PSDB), quando inaugurou o muro verde – de 6 quilômetros – na Avenida 23 de Maio, na região centro-sul da cidade de São Paulo. Passados dois anos, a estrutura já ficou abandonada, plantas morreram e a gestão do atual prefeito, Bruno Covas, vice de Doria, precisou abrir licitação para manter a obra – finalizada em maio deste ano. O que era uma doação para os paulistanos, agora custa R$ 103 mil por mês, ou R$ 1,2 milhão por ano em dinheiro público.

Apesar da cidade ter sérios problemas de zeladoria, com acúmulo de lixo, praças e parques abandonados, a prefeitura paga a Era Técnica Engenharia para mobilizar dezenas de profissionais de jardinagem, eletrotécnicos, arquitetos, engenheiros e agrônomos para cumprir a manutenção do sistema de irrigação automatizado, bombas e adubação do muro verde da Avenida 23 de Maio. Segundo a prefeitura, 9 mil mudas foram plantadas em dois meses. Mas como ambientalistas alertaram à época da inauguração, o impacto na qualidade de vida na cidade é ínfimo.

“O muro verde é como um paciente na UTI. Ele custa muito caro, precisa de manutenção permanente e não sequestra carbono como as árvores. Nós estimamos que o serviço ambiental prestado por duas árvores corresponde a cerca de 1,5 mil metros quadrados de parede verde. A diferença é absurda”, criticou o biólogo Marcos Buckeridge, pesquisador do Instituto de Biociências e do Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo (USP), quando o projeto foi anunciado.

A estrutura custou R$ 9,7 milhões para ser instalada e a gestão Doria estimou que a manutenção exigiria aproximadamente R$ 137 mil por ano, que seriam bancados pela empreendedora imobiliária Tishman Speyer. A empresa tinha uma compensação ambiental a ser paga à cidade pela derrubada de 856 árvores na região do Morumbi. O local recebeu 250 mil mudas de 30 espécies de plantas, além de uma estrutura de irrigação contínua movida a energia elétrica.

Apesar do acordo prever a manutenção do local por quatro anos, oito meses depois da inauguração a empresa parou de financiar a manutenção do muro verde.

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