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Em sessão solene, Marcha das Margaridas volta a representar o povo na Câmara

Parlamentares celebraram a presença de trabalhadoras no plenário e destacaram que a edição deste ano exige ainda mais resistência contra os retrocessos

Cláudia Motta/RBA
Cláudia Motta/RBA
Sessão solene na Câmara celebra lutas das mulheres da cidade, do campo, da floresta e das águas por cidadania

Brasília – A Marcha das Margaridas foi homenageada, nesta terça-feira (13), em sessão solene no plenário Ulysses Guimarães da Câmara dos Deputados. Neste ano, o movimento tem como lema “Margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência.”

A presença foi festejada por parlamentares. Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT e deputada federal pelo Paraná, disse que é uma alegria ver a Câmara cheia de “lutadoras do povo”, pois há muito tempo o plenário não recebia a presença popular. Apesar do clima festivo, ela lembra que a edição deste ano exige mais resistência do movimento.

“Em 2015, nós tivemos uma marcha de reafirmação dos direitos, de reconhecimento de conquistas e reivindicações. Neste ano, é um ato de resistência, para manter os direitos conquistados e enfrentar o desmonte do governo autoritário. É uma responsabilidade política enorme dessa marcha”, afirmou à RBA.

A sessão solene foi promovida pelas deputada federais Erika Kokay (PT-DF) e Talíria Petrone (Psol-RJ). O combate à violência contra as mulheres é um dos principais pleitos das agricultoras presentes na capital federal. De acordo com a parlamentar, Brasília será, nesta terça, um “útero grávido de luta e coragem” que dará luz a uma resistência forte. “Elas estão aqui para dizer que o país não será cercado pelo latifúndio, onde seu povo será tratado como gado. É a marcha para mostrar o compromisso com a luta e os direitos, que rompe os grilhões do machismo e do sexismo. Eles podem arrancar uma flor, mas não detêm a primavera”, disse.

Confira depoimentos e o dia da Marcha, em Brasília

A marcha espera receber mais de 100 mil trabalhadoras de todo o Brasil, além de ativistas de 26 países. “As trabalhadoras rurais, a população da floresta, as mulheres da periferia estão aqui. A sessão solene é a forma para homenageá-las e mostrar como o Parlamento reconhece essa luta social. Os direitos do povo brasileiro não só foram afrontados, mas são objetivo de desprezo por parte do governo. A presença dessas mulheres, na Câmara, representa a esperança de dar a volta por cima”, celebra a deputada Margarida Salomão (PT-MG).

A representação dos trabalhadores do campo também está presente de outras maneiras. O deputado federal Carlos Veras (PT-PE) é agricultor familiar e sempre participou das marchas e, pela primeira vez, recebe as Margaridas como parlamentar. “Tenho a honra de ter participado de todas as etapas da marcha, na construção dessa caminhada em defesa dos direitos das mulheres. Hoje, a gente percebe o ataque profundo ao direito das companheiras do Brasil inteiro. Com o aumento no feminicídio, o ministro da Justiça (Sergio Moro) justifica a violência contra a mulher por causa da insegurança do homem. Isso é um ataque profundo aos direitos humanos.”

Carmen Foro, vice-presidenta da CUT e também agricultora familiar, lembra da força que as mulheres carregam ao homenagear Margarida Alves, líder sindical paraibana assassinada no dia 12 de agosto de 1983, aos 50 anos. “Já coordenei duas marchas e participei de todas já feitas. É um lugar onde nos reconectamos com o desejo de mudança no qual as companheiras saem de suas casas”, acrescentou.

“Esta semana é extremamente importante e expressiva para as organizações populares e a defesa dos seus direitos”, destaca a secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e coordenadora da Marcha das Margaridas de 2019, Mazé Morais, à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual. Confira abaixo a entrevista na íntegra.


Com reportagem de Cláudia Motta, em Brasília