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Prefeitura de São Paulo vai tirar 144 ônibus das ruas a partir de 1º de agosto

Bruno Covas autorizou a redução dos ônibus com base na licitação finalizada em março, que também vai diminuir o número de linhas

Rovena Rosa/Agência Brasil
Rovena Rosa/Agência Brasil
Motoristas e cobradores prometem a maior paralisação da história se a prefeitura não desistir da proposta

São Paulo – A partir da próxima quinta-feira (1º), os paulistanos não poderão mais contar com pelo menos 144 ônibus de diversas empresas, que deixarão de circular pela cidade. A prefeitura iniciou a redução da frota, prevista nos novos contratos com as empresas que operam na capital paulista, embora ainda esteja firmando contratos emergenciais. O número pode ser ainda maior porque nem todas as Ordens de Serviço Operacional (OSO) da São Paulo Transporte (SPTrans) estão disponíveis para consulta. A redução se dá em comparação com o número de veículos em operação até 31 de maio, antes do período de férias escolares.

Na região de Perus, zona noroeste da capital, o Consórcio Bandeirante (Área 1, ônibus verde-claro) terá diminuição de 830 para 808 veículos. Na zona norte, a Sambaíba (Área 2, ônibus azul escuro) vai ter redução de 1.183 para 1.165. A MobiBrasil (Área 6, ônibus azul claro), que opera na região do Grajaú, vai de 540 para 531 veículos. Na zona oeste, (Área 8, laranja) a Viação Gatusa passa de 226 para 213, a KBPX de 240 para 224 e a Campo Belo, de 497 para 469. E a na região do Capão Redondo (Área 7, vinho), as viações Gato Preto e Transpass, que operavam juntas com 785 ônibus, agora operam separadas, com 747 veículos no total.

Sobre outras empresas que operam nas zonas sul, leste e sudeste, não é possível saber se houve redução de veículos. Em nota, a SPTrans admitiu os cortes e alegou que a mudança – que diz acompanhar a expansão das linhas do Metrô – não vai prejudicar a população. “A programação das linhas não é feita baseada na quantidade de veículos, mas nos intervalos programados para cada trajeto. As linhas têm suas programações de partidas ajustadas periodicamente com base nas oscilações de suas demandas, mas sempre obedecendo a critérios de oferta de transporte e de lugares estabelecidos para o sistema”.

As OSO constantes dos novos contratos emergenciais tratam do total de veículos que devem ser colocados à disposição pelas empresas de ônibus e não definem em que linhas eles devem operar. Desde 2013 a frota de ônibus da capital paulista vem sendo reduzida constantemente. Naquele ano, havia 15.025 veículos operando na cidade. Em 2018 eram 14.458. E a meta da nova licitação é chegar a 12.667. Os contratos, no entanto, deixam brechas para reduções ainda maiores nos próximos meses.

Conforme a RBA revelou no final de 2017, a nova licitação definia a redução do número total de ônibus no sistema de 13.603 para 12.667 veículos. Além disso, o edital previa a extinção de 149 linhas e redução da extensão de outras 134. A prefeitura justifica que, apesar dessas reduções, a oferta de lugares vai subir em 100 mil assentos, de 1 milhão para 1,1 milhão e a cobertura da rede de transporte vai aumentar de 4.680 para 5.100 quilômetros. Desde o início da gestão do ex-prefeito e atual governador paulista, João Doria, do qual o atual prefeito Bruno Covas era vice, foram extintas ou alteradas mais de cem linhas.

Trabalhadores em risco

O Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas) convocou uma assembleia para as 15h de hoje (29), que pode deflagrar greve na próxima quarta-feira (31). Isso porque a redução do número de veículos deve levar à redução de postos de trabalho de motoristas e cobradores. Estes últimos já se veem ameaçados por uma nova diretriz da prefeitura para que as empresas comprem ônibus sem o lugar do cobrador.

A categoria promete parar todo o sistema de ônibus se a prefeitura não desistir da proposta. “O prefeito Bruno Covas (PSDB) está decidido a reduzir drasticamente o sistema de transporte público da maior cidade da América Latina. Mas, antes enfrentará um exército de guerreiros, determinados a defender seu emprego e direitos trabalhistas a qualquer preço”, afirma a convocatória do sindicato.

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