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Motoristas e cobradores de São Paulo vão parar terminais nesta quarta

Categoria não descarta entrar em greve por tempo indeterminado contra decisão da prefeitura de reduzir ônibus nas ruas

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Assembleia dos motoristas: "Cada ônibus retirado do sistema representa até seis trabalhadores desempregados. É um absurdo", afirmou o presidente do Sindicato

São Paulo – Motoristas e cobradores de ônibus da capital paulista aprovaram hoje (29) uma paralisação de três horas na manhã da próxima quarta-feira (31). Entre as 9h e o meio-dia, os ônibus ficarão parados nos terminais e corredores próximos. A prefeitura vai tirar 144 ônibus de circulação a partir de 1° de agosto, e os trabalhadores temem que a medida cause desemprego de milhares de profissionais.

“Cada ônibus retirado do sistema representa até seis trabalhadores desempregados. É um absurdo que, no atual momento do país, a prefeitura tome essa medida”, afirmou o presidente do sindicato, Valmir Santana da Paz, o Sorriso. Ele lembrou que a licitação do transporte está em discussão na Justiça e essas medidas nem poderiam ser tomadas. A gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB) incluiu as alterações em contratos emergenciais renovados recentemente.

A prefeitura iniciou a redução da frota, prevista nos novos contratos com as empresas que operam na capital paulista, embora ainda esteja firmando contratos emergenciais. O número pode ser ainda maior, porque nem todas as Ordens de Serviço Operacional (OSO) da São Paulo Transporte (SPTrans) estão disponíveis para consulta. A redução se dá em comparação com o número de veículos em operação até 31 de maio, antes do período de férias escolares.

Na região de Perus, zona noroeste da capital, o Consórcio Bandeirante (Área 1, ônibus verde-claro) terá diminuição de 830 para 808 veículos. Na zona norte, a Sambaíba (Área 2, ônibus azul escuro) vai ter redução de 1.183 para 1.165. A MobiBrasil (Área 6, ônibus azul claro), que opera na região do Grajaú, vai de 540 para 531 veículos. Na zona oeste, (Área 8, laranja) a Viação Gatusa passa de 226 para 213, a KBPX de 240 para 224 e a Campo Belo, de 497 para 469. E a na região do Capão Redondo (Área 7, vinho), as viações Gato Preto e Transpass, que operavam juntas com 785 ônibus, agora operam separadas, com 747 veículos no total.

Além da paralisação, os trabalhadores pretendem realizar uma manifestação partindo da sede do sindicato, na Liberdade, na região central, passando pela Avenida Paulista, até a prefeitura. E não descartam greve por tempo indeterminado. “Se o prefeito quer desempregar pai de família, nós vamos parar essa cidade inteira”, afirmou Sorriso. A Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes convidou os trabalhadores para uma reunião amanhã (30), às 8h.

Conforme a RBA revelou no final de 2017, a nova licitação definia a redução do número total de ônibus no sistema de 13.603 para 12.667 veículos. Esse processo devia ser feito em três anos. Além disso, o edital previa a extinção de 149 linhas e redução da extensão de outras 134. A prefeitura justifica que, apesar dessas reduções, a oferta de lugares vai subir em 100 mil assentos, de 1 milhão para 1,1 milhão, e a cobertura da rede de transporte vai aumentar de 4.680 para 5.100 quilômetros. Desde o início da gestão do ex-prefeito e atual governador paulista, João Doria, de quem o atual prefeito Bruno Covas era vice, foram extintas ou alteradas mais de cem linhas.

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