Vulnerabilidade social

Gestão Covas desiste de fechar o Centro de Referência e Defesa da Diversidade

Após mobilização de usuários, trabalhadores e organizações sociais, prefeitura paulistana recua e renova convênio para atendimento da população LGBTi por cinco anos

Wagner Origenes/SMADS
Wagner Origenes/SMADS
Centro de Referência e Defesa da Diversidade faz cerca de 2 mil atendimentos por mês de pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social

São Paulo —Após a mobilização de usuários, apoiadores, ativistas e organizações sociais, a gestão do prefeito Bruno Covas anunciou o recuo da decisão de fechar o Centro de Referência e Defesa da Diversidade (CRD 2). O Centro funciona há mais de 10 anos na cidade de São Paulo e oferece à comunidade LGBTi, de extrema vulnerabilidade social, acolhimento, apoio psicossocial e oficinas de geração de renda para travestis e transexuais, profissionais do sexo, pessoas com HIV, além de gays e lésbicas em situação de vulnerabilidade e risco social.

Segundo Eduardo Luiz Barbosa, coordenador-geral da organização Pela Vidda, que administra o CRD 2, os funcionários tiveram conhecimento do possível fechamento em 19 de junho. A partir de então, diversas manifestações foram organizadas contra a decisão do prefeito paulistano.

“Foi um processo bastante difícil, porque a gente recebeu a notícia na véspera de um feriado. A partir desse momento, a gente começou uma série de contatos, principalmente a mobilização social com os nossos usuários e parceiros, nas redes sociais, buscando entender e mudar a situação. Primeiro a gente queria garantir a não interrupção dos trabalhos de atendimento pra essa população”, explica Barbosa, em reportagem de Beatriz Drague Ramos, da Rádio Brasil Atual.

Criado em 2008, o CRD possui hoje mais de 4 mil pessoas cadastradas e atende 2 mil usuários. De acordo com a organização, a espera da renovação do contrato deixou em alerta os funcionários, que temiam ser demitidos. Além disso, alguns chegaram a trabalhar sem receber salário, o que levou à realização de um abaixo-assinado de repúdio às ações do secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Marcelo Del Bosco. 

O coordenador-geral da organização Pela Vidda destaca que a divulgação midiática da decisão da prefeitura foi importante para a permanência do projeto. “Andando pelo centro de São Paulo, fui parado várias vezes por pessoas em situação de rua que não sabiam se teriam um lugar para ir. Pessoas que são atendidas no dia a dia e se mobilizaram, foram pra rua colher assinatura pro abaixo-assinado. A partir de matérias como essa, a gente conseguiu mobilizar promotores de justiça, vereadores de vários partidos, deputados estaduais e, principalmente, movimentos sociais ligados a causa LGBTI+.”

A decisão da prefeitura, publicada no Diário Oficial desta terça-feira (2), fixa o convênio com a organização Pela Vidda/SP por mais cinco anos. No novo edital, a verba anual prevista é de R$ 1,1 milhão por ano.

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