Abaixo da pobreza

Bairros do Rio de Janeiro revelam visibilidade da fome que Bolsonaro ignora

Para mostrar realidade negada pelo presidente, programa "Seu Jornal", da TVT, dá início a série de reportagens sobre a fome na cidade fluminense, também prejudicada pelo avanço do desemprego

TVT/Reprodução
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“A gente passa muito aperto aqui e é difícil. Senti meu coração, começava a chorar, não tinha como dar de comer para os meus filhos”, lamenta a jovem Joice diante de uma geladeira vazia em um dos bairros mais pobres do Rio

São Paulo – Ao contrário do que afirma o presidente Jair Bolsonaro, a fome no Brasil é real. Para mostrar essa realidade que acomete os brasileiros, a equipe do Seu Jornal, da TVT, lançou nesta segunda-feira (29) uma série de reportagens sobre o tema. Em Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro, um dos bairros mais pobres da cidade, a repórter Viviane Nascimento mostra o total abandono do poder público e a fome que Bolsonaro insiste em esconder.

Na casa de paredes inacabadas, Joice Lima da Silva cria três filhos, um bebê de dois meses, um menino de 3 anos e uma menina com 7 anos. Há pelo menos três meses desempregada, a jovem de 23 anos abre as portas de sua geladeira, ocupada apenas por garrafas de água e refrigerante. “A firma faliu”, explica Joice. “A gente passa muito aperto aqui e é difícil. Senti meu coração, começava a chorar, não tinha como dar de comer para os meus filhos.”

Segundo levantamento da Ação da Cidadania, instituição criada em 1993 para ajudar famílias abaixo da linha da pobreza, os município fluminenses Duque de Caxias, Belford Roxo, Nova Iguaçu e bairros como Santa Cruz e Campo Grande, no município do Rio, estão entre os locais com alto índice de insegurança alimentar. Pelo menos um em cada seis domicílios vive um quadro grave de acesso a quantidades suficientes de comida saudável e nutritiva para sobreviver.

A moradora Maria Zilma conta ainda que além da fome, sua realidade é marcada pela falta de emprego formal. Também desempregada, Maria afirma que “o pão se seus filhos vem da carroça”, o trabalho de seu marido com reciclagem, ainda sim, “tem dias que não tem o que comer”, situação que se agrava quando as crianças estão de férias e não podem contar com a alimentação da escola. “É muito difícil isso, eu sei porque já passei por isso também, quando era menor e minha mãe também não tinha para me dar (…) para nós, que somos mãe, é muito difícil.”

Para a também moradora Hanna Araújo, a afirmação do presidente sobre “ninguém passar fome no Brasil” é “porque ele não vem conferir”. “Estamos todos abandonados”, lamenta.

Assista à reportagem da TVT 

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