PROTESTO

Ato em defesa da moradia em São Paulo denuncia paralisia de Doria na habitação

Manifestantes pedem também que governo adote modelo de autogestão de obras e criticam parcerias que transferem dinheiro para a iniciativa privada

Elineudo Meira
Elineudo Meira
Defesa da autogestão: modelo é um contraponto ao de Parcerias Público-Privada (PPP) que, segundo os movimentos, transfere muito recurso público para o setor privado das empreiteiras e construtoras

São Paulo – A cidade de São Paulo está entre as mais caras do Brasil para se morar. Para as famílias de baixa renda, que sofrem com o desemprego e o custo do aluguel e não conseguem uma moradia digna, o cenário é ainda mais cruel. Para denunciar a falta de política habitacional no estado de São Paulo, os movimentos de moradia protestaram hoje (31) no centro da cidade.

Desde que assumiu o governo do estado, João Doria (PSDB) paralisou todos os programas de políticas públicas na habitação. E a marcha de hoje denunciou a falta de investimentos do poder público.

A militante do Movimento União Nacional por Moradia Popular Evaniza Rodrigues afirmou à repórter Martha Raquel, da TVT, que a cobrança sobre Doria ocorre porque já são sete meses de governo, desde que ele tomou posse. “E o governo estadual não apresentou sua política de habitação. Os investimentos estão congelados e nós estamos em um momento em que o governo federal também está parado.”

“A paralisia é total no Estado de São Paulo para o setor habitacional”, disse Benedito Roberto Barbosa, coordenador municipal da Central de Movimentos Populares (CMP), em reportagem de Juca Guimarães para o Brasil de Fato.  “A proposta é construir moradias através dos processos de autogestão com recursos diretos para as cooperativas habitacionais. São as melhores casas, as mais baratas e que fortalecem o movimento organizado”, acrescentou.

O modelo é um contraponto ao de Parcerias Público-Privadas (PPPs) que, segundo os movimentos, transfere muito recurso público para o setor privado das empreiteiras e construtoras, sem efeito consistente no combate ao déficit habitacional. No país, esse déficit ultrapassa os 7 milhões de unidades, e no caso do estado paulista chega a 1,6 milhão de moradias.

Os manifestantes também denunciaram que o governo Doria ameaça a população mais pobre com as reintegrações de posse. O coordenador da CMP, Raimundo Bonfim,  afirma que “se de um lado não há investimentos em programas de moradia, por outro tenta se criminalizar as lideranças dos movimentos de moradia”. Ele fez referência aos líderes presos, sob acusação de extorsão.

A marcha seguiu da Praça da Sé, no centro, até a Secretaria de Habitação estadual, onde uma comissão foi recebida pelo secretário Flavio Amary. Na reunião, ele se comprometeu a descongelar o investimento neste semestre, mas admitiu que a previsão para o ano que vem não deve mudar.

“Temos que pressionar o governo do Estado para que ele apresente uma proposta que seja factível. Uma proposta que, de fato, preveja investimentos massivos na área habitacional. Algo que nós não temos”, disse a deputada estadual Beth Sahão (PT) ao Brasil de Fato.

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