Novo retrocesso

Pesquisadores e movimentos se unem contra privatização do Jardim Botânico por Doria

Abraço simbólico pretende chamar a atenção da sociedade para proposta do governo paulista de conceder Jardim Botânico, Zoológico e ZooSafari ao setor privado

Rubens Chaves/Folhapress
Rubens Chaves/Folhapress
Estrutura do Jardim Botânico compreende estufas, plantas e área verde preservada que podem ser mal cuidadas pela iniciativa privada

São Paulo – Moradores do bairro da Água Funda, na região sudeste paulistana, organizados na Associação De Moradores e Amigos da Água Funda (AMAAF), o Movimento Lute pela Floresta, trabalhadores e pesquisadores do Jardim Botânico e Zoológico de São Paulo realizam hoje (5) um abraço no Jardim Botânico como forma de protesto contra o Projeto de Lei (PL) 183/2019 que está sendo discutido na Assembleia Legislativa e propõe a privatização dos equipamentos públicos. Toda a estrutura deixaria de ser administrada pelo governo paulista e passariam ao setor privado. No Jardim Botânico, há centenas de coleções de plantas, fungos e líquens, divididos em prédios e estufas, além de um extenso programa de pós-graduação.

Para a presidenta da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo, Cleuza Mantovanello Lucon, deixar de investir em pesquisa é mais um retrocesso no estado. Ela avalia que entregar o Jardim Botânico à iniciativa privada pode trazer problemas ambientais ao estado. “Investir nessas pesquisas gera riqueza para o próprio Estado. Como o governo atualmente acredita que tudo deve ser privatizado, ele não investe nesses setores que podem gerar bem-estar para a população. Não tem uma explicação para isso, a gente encara como uma forma de retrocesso”, disse em entrevista ao repórter Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual.

O Jardim Botânico tem 90 anos e foi criado para o estudo da biodiversidade e da flora de São Paulo. Pesquisador do instituto há mais de duas décadas, Eduardo Luiz Martins Catarino ressalta que o acervo tem importância científica para o mundo e não só para São Paulo. “A gente tem mantido esse acervo a duras penas por esses anos todos. Sofremos redução de gastos. É um patrimônio público enorme e a iniciativa privada não vai dar a ela a importância que nós damos”, afirmou.

A deputada estadual Beth Sahão (PT) ressaltou que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), parece apenas querer agradar aos amigos. “Você tem naquele local várias nascentes, como a do Rio Ipiranga. Tem espécies raras que estão em extinção e precisam ser estudadas. A contribuição do Instituto de Botânica, em várias áreas, é muito grande. Infelizmente o que nós vemos é que o governador não tem sensibilidade. Agora, porque ele quer vender a gente não entende. É para atender, certamente, aos interesses dos amigos dele. E quando a população for visitar o zoológico, que hoje se paga uma pequena taxa para manutenção, vai pagar três vezes mais para poder levar uma criança, uma escola”, afirmou.

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