onda de ódio

Cresce violência contra população de rua no Brasil. São Paulo lidera atos violentos

Segundo dados do Ministério da Saúde, mulheres negras de 15 a 24 anos são as principais vítimas

Tânia Rêgo/Agência Brasil
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Estima-se em 5,5 milhões o número de pessoas em situação de invisibilidade. São os que mais precisam e que mais têm dificuldade em conseguir acesso ao auxílio emergencial de R$ 600 ao mês

São Paulo – O Brasil registrou ao menos 17 mil casos de violência contra pessoas em situação de rua, entre 2015 a 2017, segundo o Ministério da Saúde. Os números foram calculados com base nos registros do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). E levam em conta os casos em que a motivação principal do ato violento era o fato de a pessoa ser vulnerável.

Cerca de 16 mil pessoas moram nas ruas da capital paulista. A cidade concentra o maior número de sem-tetos do país e lidera o ranking de hostilidade contra essas pessoas, com 788 casos de violência registrados. Os jovens moradores de rua com idade entre 15 a 24 anos são o principal alvo da violência: 38% dos casos. A maioria das vítimas se declara negra, com 54% das notificações.

De acordo com Robson Mendonça, coordenador do Movimento Estadual da População em Situação de Rua, a falta de amparo do Estado somada à visão higienista das pessoas são as principais causas das agressões. “Por exemplo, com falta de banheiros públicos a população de rua termina usando as calçadas, causando um certo transtorno. Isso faz os higienistas tratarem os outros com violência e aumenta esses dados contra a população de rua”, diz Mendonça, em entrevista ao repórter André Gianocari, da TVT.

A agressão física é a mais comum e acontece em 92% dos casos, sendo que, em 19% deles, os ataques se repetiram. Apesar de os homens serem maioria nas ruas, a taxa de violência contra as mulheres é maior, principalmente entre as mais jovens e de pele negra. Moças entre 15 e 24 anos de idade somam 38% dos casos. No geral, as mulheres são mais agredidas que os homens: 50,8% frente a 49,2%. “Infelizmente a gente encontra todo tipo de violência contra elas, violência física, psicológica, até um olhar meio estranho. É a realidade, porém muito triste”, lamenta a estudante Yoshabelle Freitas.

Para o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, a sociedade como um todo precisa ter posturas mais humanas com os desabrigados. “Neste momento da história que estamos vivendo, a violência está sendo legitimada e explicitada sem nenhum pudor.”

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT

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