Governo Bolsonaro

Flexibilização do porte de armas só agrada indústria do setor e facções criminosas

Avaliação é de diretor do Instituto Sou da Paz, sobre pesquisa Ibope indicando que maioria da população rejeita decretos editados por Bolsonaro

Valter Campanato/EBC
Valter Campanato/EBC
Flexibilização do porte de armas é população, e 61% se dizem contrários a posse de armamentos de fogo

São Paulo – Divulgada nesta segunda-feira (3), pesquisa do Ibope mostra que a ampla maioria da população (73%) rejeita a flexibilização do porte de armas para cidadãos comuns. Para o diretor executivo do Instituto Sou da Paz, Ivan Marques, o levantamento reforça a ideia de que, com as medidas de incentivo às armas de fogo, o presidente Jair Bolsonaro está atendendo apenas aos interesses da indústria armamentista e das facções criminosas.

“A indústria de armas e munições espera vender mais e ter mais lucro com isso, e as facções e organizações criminosas vão ter à disposição mais armas em circulação para poder abastecer seus arsenais. Esses dois grupos, que devem fazer parte dessa minoria da sociedade brasileira (a favor dos decretos), estão remando contra a maré da história e da evolução da sociedade humana”, afirma o diretor ao jornalista Rafael Garcia, da Rádio Brasil Atual.

De acordo com levantamento, apenas 26% dos entrevistados pelo Ibope são a favor da flexibilização do porte, e 37% se dizem favoráveis a posse de armas em casa, contra 61% que são contrários. A pesquisa levou em conta as propostas previstas nos três decretos emitidos pelo presidente que tratam sobre regras para posse, porte, compra de munições, e o mais recente, editado em 22 de maio, que altera pontos questionados pelo Justiça. Todos com propostas rejeitadas pela maioria dos entrevistados.

“É um absurdo que atenta contra a segurança jurídica das policiais e do poder Judiciário, mas, acima de tudo, que acaba causando estragos na segurança pública, porque tem mais gente morrendo vítimas de crimes com armas de fogo”, avalia Ivan Marques. “A gente espera que o poder Legislativo e Judiciário tenham a razoabilidade e racionalidade que o presidente Bolsonaro não teve ao publicar esses decretos”, considera.

Ouça a entrevista na íntegra