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Servidores protestam contra privatização do sistema prisional: ‘Venda de pessoas’

'Se privatizar, vai sucatear ainda mais o serviço', diz presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo

Edital do governo de São Paulo quer colocar quatro unidades prisionais administradas no modelo de cogestão

São Paulo – O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo (Sifuspesp) reuniu trabalhadores da categoria nessa segunda-feira (6) para protestar em todo o estado contra a privatização das prisões. Ao longo do dia também foram feitas manifestações por melhores condições de trabalho para os servidores em todas as regiões da capital.

O protesto dessa segunda coincide com a data em que a Secretaria de Administração Penitenciária realizou uma audiência pública para debater o modelo de concessão de quatro Centros de Detenção Provisória (CDP) à iniciativa privada: Gália I e II, Aguaí e Álvaro de Carvalho.

De acordo com presidente do Sifuspesp, Fabio Cesar Ferreira, essa discussão tem que ser feita com a sociedade de forma transparente. “O governador João Doria quer vender tudo em São Paulo, inclusive os presídios. Quando falamos de prisões também falamos de vida, tanto dos servidores quanto dos presos. O governo chamou uma audiência pública, mas a sociedade civil não pode opinar. Se privatizar, vai sucatear ainda mais o serviço”, disse ao repórter Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual.

Trabalhador há 29 anos no sistema prisional de São Paulo, Francisco Dudlei Menetti diz que o governo não pensa em investir nos funcionários. Ele destaca que, atualmente, o sistema paulista é um caos. “A superlotação carcerária leva um funcionário a fazer milagres dentro de uma unidade prisional. A falta de funcionários é muito grande. O sistema já é um caos e caminha para a privatização sem arrumar nada. É uma proposta covarde”, criticou.

O presidente do sindicato explicou que a audiência pública foi uma estratégia do governador ao realizar um “evento para inglês ver”. Para Fabio Cesar, a privatização do sistema coloca os paulistas à venda. “Quando o Doria chegou, ele queria privatizar tudo, agora, são quatro unidades. Os Estados Unidos estão reestatizando porque não deu certo e há denúncia de vendas de sentenças”, alerta.

De acordo com edital publicado pela Secretaria de Administração Penitenciária no último dia 13 de abril, as quatro unidades prisionais em debate serão administradas no modelo de cogestão a partir da contratação de uma empresa especializada no serviço de operacionalização.

Ouça a reportagem da Rádio Brasil Atual