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Milicianos ganham força ao controlar mercado imobiliário no Rio de Janeiro

Grupo paramilitar tem ampliado sua atuação no estado e governador Witzel não apresenta respostas

Fernando Frazão/Agência Brasil
Fernando Frazão/Agência Brasil
Queda de prédios na comunidade da Muzema, em abril, revelou a sofisticação das operações de milicianos no setor imobiliário

São Paulo – A atuação de grupos milicianos segue forte no Rio de Janeiro. Segundo reportagem do jornal O Globo, o grupo paramilitar criou uma espécie de bairro na zona norte da capital. A área residencial foi cercada por cancelas e as casas daqueles que realizam o pagamento de uma taxa de R$ 20 para segurança são marcadas com um selo sinalizando que devem ser protegidas.

Em outro ponto da cidade, milicianos têm coagido os síndicos dos condomínios a cobrarem taxas semelhantes dos moradores sob risco de retaliação. Todo esse fortalecimento e a atuação em novas áreas do território acontecem sem uma resposta efetiva do governo estadual. O governador Wilson Witzel (PSC) não apresentou qualquer plano para o combate à milícia ou a suas atividades econômicas.

“Não queria pagar a tal contribuição, mas acabei me rendendo. Todo mundo paga, e eles passaram a colocar os adesivos nas casas. Achei melhor não ser a única diferente por aqui”, disse uma moradora ao jornal.

Embora não seja a única fonte de renda, a compra e venda de imóveis tem sido um negócio lucrativo para os grupos paramilitares. A queda de dois prédios na comunidade da Muzema, na zona oeste da cidade, que matou 24 pessoas em 12 de abril, revelou a sofisticação das operações de milicianos no setor imobiliário. Os apartamentos eram construídos e vendidos de maneira irregular, sem licença ou fiscalização.

As ligações políticas também são delicadas, com milicianos sendo homenageados na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), como Adriano da Nóbrega, acusado de comandar uma das maiores milícias do estado e de pertencer ao chamado Escritório do Crime. Adriano foi homenageado por Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, na Alerj, em 2003.

A influência desses grupos na Casa Legislativa não ficou no passado. A Polícia Civil cumpriu, na última terça-feira (21), 19 mandados de busca e apreensão relacionados ao assassinato de um político na Baixada Fluminense. Um dos alvos da operação foi o deputado estadual Vandro Familia (SD), suspeito de integrar um grupo de extermínio na região. Preso anteriormente por envolvimento com milícias e acusação de homicídio, na cidade de Magé, Vandro é um dos aliados do governador Witzel, na Alerj.

No início deste mês, quando o governador do estado aumentou o valor do Regime Adicional de Serviço (RAS) pago aos policiais militares e civis, Vandro apareceu em um vídeo ao lado de Witzel, que o agradeceu pelo seu apoio na Alerj.

Assista à reportagem da TVT

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