Sem tabu

Educação sexual, nas escolas e em casa, evita abuso de crianças e adolescentes

'A educação sexual não é ensinar a fazer sexo', alerta a educadora Maria Helena Vilela. Em seis anos, 184 mil casos de violência sexual foram registrados, mas agressões são subnotificadas

Arquivo EBC

Maioria das agressões ocorreram dentro das casas das vítimas, indicando proximidade dos agressores

São Paulo – Pelo menos 184 mil casos de violência sexual contra crianças e adolescentes foram registrados entre 2011 e 2017, de acordo com boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Na maioria das ocorrências, o crime ocorreu dentro das casas das vítimas, indicando que os agressores são pessoas do seu convívio ou geralmente familiares.

Diante dessa vulnerabilidade, a educadora Maria Helena Vilela alerta, em entrevista ao programa Bom para Todos, da TVT para a importância do diálogo e da educação sexual envolvendo pais e/ou responsáveis, crianças e adolescentes e a própria escola. “Ele (aliciador) tem um grande trunfo na mão se essa criança não tem em casa um canal de comunicação sobre sexualidade”, explica a educadora.

“Quando há essa conversa, é possível você preparar essa criança para ficar mais ligada, antenada com as circunstâncias que podem ser ameaçadoras e, quando ocorrer uma situação de risco, ela ter a confiança de poder conversar”, ressalta Maria Helena sobre uma comunicação que deve ser objetiva e direta para evitar casos de abuso.

Ainda segundo o levantamento, a maioria das violências é praticada mais de uma vez e, apesar de o índice ser considerado alto, o Ministério da Saúde acredita que muitos casos não são notificados.

Para a educadora, o fato revela a falta de educação sexual da sociedade no geral, uma vez que a própria discussão está camuflada por tabus ou equivocadamente entendida como apologia. 

“A educação sexual não é ensinar a fazer sexo. Ela tem muito mais coisas a se falar com os nossos filhos, sobre conhecer o seu corpo, se informar sobre a prevenção tanto dessas violências sexuais quanto de outras”, avalia Maria Helena.

Sem diálogo, a busca na internet

A negativa ao diálogo e à comunicação além de desproteger as crianças e adolescentes acaba por expor ainda mais essa parcela da população à violência também no mundo on-line. Isso porque, na prática, tratar o sexo como um tabu não inibe o interesse pelo assunto, como avalia a educadora.

“Risco é não saber. Quando eles não sabem, não conhecem seu corpo, o que eles fazem? Vão para internet”, afirma. Diante do crescente acesso, os perigos da web também são reforçados pelo diretor presidente do InternetLab Dennys Antonialli em entrevista na TVT. “A internet, assim como na vida social, tem potencialidades maravilhosas, mas ao mesmo tempo também tem riscos”, descreve o diretor presidente.

“Mas vale aquele mesmo conjunto de regras de conscientizar as crianças e jovens sobre esse relacionamento com pessoas desconhecidas”, destaca.

Assista às entrevistas na íntegra  

Leia também

Últimas notícias