Participação

Via Sacra da criança mostra preocupação com cortes de Covas na área social

Pastoral do Menor leva centenas de crianças e adolescentes às ruas do centro paulistano exigindo melhorias e lembrando o lema 'Fraternidade e Políticas Públicas', da Campanha da Fraternidade

FELIPE MASCARI/RBA

Evento chama a atenção do poder público para garantir às crianças o direito à educação, à saúde e ao lazer

São Paulo – Centenas de crianças e adolescentes fizeram nesta sexta-feira (12) uma procissão pelas ruas do centro da capital paulista para reivindicar melhorias em políticas públicas e denunciar o abandono, a violência e a falta de atendimento social a que estão submetidas.

A Via Sacra da Criança, do Adolescente e do Jovem foi organizada pela Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo. “É preciso chamar atenção do poder público para que essas crianças tenham direito à educação, à saúde, à cultura, ao lazer. Para que elas possam se desenvolver com toda sua potencialidade”, explicou o padre José Roberto Pereira, pároco da paróquia Nossa Senhora da Consolação.

A ação segue orientação da Campanha da Fraternidade de 2019, que tem como tema escolhido para este ano pela Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) “Fraternidade e Políticas Públicas” – que acentua a responsabilidade do Estado para que os direitos sociais previstos na Constituição sejam respeitados. 

A ação tem o intuito de estimular a população a se envolver na formulação de políticas públicas. O texto-base da campanha descreve, por exemplo, as etapas da elaboração de uma nova lei e cita os canais de participação social assegurados pela Constituição, como o projeto de lei de iniciativa popular. 

O padre demonstrou preocupação com os cortes que a gestão do prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), está realizando na assistência social da cidade. Houve congelamento de R$ 240 milhões do orçamento da área e foi proposta uma reavaliação dos contratos que pode chegar a cortes de verba de 15%.

“Se a prefeitura reduziu esse orçamento logo pessoas ficarão desempregadas, crianças não poderão ser acolhidas e muito menos formadas e apoiadas no seu desenvolvimento”, lamentou Pereira. O ato lembrou também as vítimas do atentado a tiros na escola Raul Brasil, em Suzano (SP), e dos crimes da Vale em Mariana e Brumadinho (MG). 

Sueli Camargo, coordenadora da Pastoral do Menor em São Paulo ressalta que houve muita evolução desde a instituição do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), mas o sistema de proteção proposto na legislação ainda não foi efetivado. “Há muitas falhas que prejudicam o desenvolvimento das crianças e adolescentes. O que temos hoje é uma política pública pobre oferecida aos pobres. Que não dá estrutura para que essa criança e adolescente tenha vida e vida em abundância”, explicou.

As crianças e adolescentes percorreram o centro da cidade, com cartazes e faixas pedindo melhorias em políticas públicas, mais áreas de lazer e investimentos em saúde, educação e cultura. Melissa Zanini, 12 anos, moradora do Ipiranga, resume a visão dos jovens sobre os problemas ao falar do seu bairro. “Não é muito limpo lá. Tem muito lixo acumulado. O lixeiro passa, mas logo tem uma montanha de lixo. Praças tem local de exercício para adulto, pista de skate, só. Lá não tem muitos ensinamentos de artes, dança, cultura. Também não tem muita árvore lá”, contou.

 

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