Como na ditadura

PM ameaça atirar contra alunos durante protesto em escola de Guarulhos

Estudantes de instituição pública alegam que manifestavam por melhorias e pela saída do diretor da escola, quando a PM foi acionada. Condepe e Ouvidoria pediram investigação sobre agressão policial

Reprodução

Policial (foto) empurra estudantes duas vezes em vídeo gravado por outros estudantes durante protesto em Guarulhos

São Paulo – Um protesto de alunos do ensino médio de uma escola pública estadual de Guarulhos, na Grande São Paulo, chegou a ponto de terminar em nova tragédia protagonizada pela Polícia Militar paulista. Um soldado apontou uma arma de cano longo na direção de dezenas de alunos e a forçou contra o peito de uma estudante para empurrá-la, quando a jovem tentava ultrapassar a barreira de policiais que bloqueavam o acesso às demais dependências da escola.

Em um vídeo que circula pelas redes sociais, provavelmente gravado por um  aluno, é possível ver a estudante sendo impedida ao menos duas vezes pelo policial que usa da força e depois do cano do armamento para empurrá-la. A PM teria sido acionada pela própria direção da Escola Estadual Professor Frederico Brotero, localizada na Vila Progresso.

À imprensa, os estudantes relataram que protestavam para cobrar melhorias, consertos e reformas na infraestrutura da escola, além de pedir a saída do atual diretor acusado de ser omisso com as demandas da comunidade escolar e inflexível com regras como o horário de entrada dos alunos no período noturno. Eles se queixam da falta de tolerância para atrasos e que o diretor não considera que muitos dos alunos já trabalham e que dependem de uma rede precária de transporte público.

Nos comentários dos vídeos nas redes sociais que registram a ação criminosa do policial, os alunos também explicam que a manifestação foi organizada pelos estudantes dos três turnos da escola.

Boa parte dos comentários fazem referência à falta de diálogo do diretor com os alunos. Outros afirmam que é mentirosa a versão de que ele teria sido ameaçado durante o protesto e por isso teria chamado a PM.

“Ele não foi ameaçado, apenas se incomodou com a manifestação e pediu para a polícia intervir, tanto ele, quanto a polícia, foram despreparados para lidar com a situação”, comenta um usuário no Youtube. Os alunos prometem continuar os protestos nesta sexta-feira (5).

Segundo informações do jornalFolha de S.Paulo, a Polícia Militar não comentou a ação contra os alunos. Há informações, ainda não confirmadas, de até três jovens detidos. A Secretaria de Educação do Estado afirmou ao veículo que irá apurar o episódio e colaborar com a PM para esclarecer a ação. 

Ação do Condepe e da Ouvidoria 

As imagens da agressão policial foram analisadas pelo conselheiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe) Ariel Castro Alves, e encaminhadas ao ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Benedito Mariano, que pediu investigação por parte da Corregedoria Geral da PM e garantiu que a conduta dos policiais já está sendo apurada. 

Conforme a Ouvidoria de Polícia, o PM que colocou o cano da arma no peito da aluna já foi afastado de suas funções pela corregedoria e o Comando da PM.

Em nota, os órgãos explicam que a ação na escola configura crime de abuso de autoridade, cabendo punição por submeter os estudantes ao constrangimento. “Reivindicações dos estudantes e questões educacionais não podem ser tratadas como caso de polícia.”

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