Repressão

Com protestos contra ‘reformas’, empresa de armas projeta 2019 de aumento nos lucros

Ano de manifestações contra propostas de Bolsonaro é visto como momento de crescimento para fabricante de balas de borracha, gás lacrimogêneo, entre outras armas não letais usadas por forças policiais

Arquivo EBC

Crescimento neste ano deverá ser na casa dos dois dígitos sobre os números de 2018, segundo diretor da Condor

São Paulo – Espaço de reivindicação e de oposição à “reforma” da Previdência, os protestos estão também atraindo os olhares da empresa Condor Tecnologias Não-Letais, que espera aumentar seu lucro neste ano com base nos atos, que vêm tomando às ruas do país, contra as propostas do governo Bolsonaro.  Responsável pela produção de equipamentos e munições como spray de pimenta, granada de efeito moral, gás lacrimogêneo e balas de borracha, a Condor vislumbra o atual cenário político, marcado por discursos que induzem o uso de armas, como um momento de monetização.

“É um dos pontos que prevemos crescimento neste ano, que deverá ao todo ser na casa dos dois dígitos sobre os números de 2018”, avalia Luiz Marinho, diretor de Relações Institucionais da Condor em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

Com aparelhamento atribuído sobretudo às forças policiais, a expectativa da fabricante de armamentos não letais ao longo da matéria do jornal, parece passar o recado de que a resposta do Estado aos protestos contra a “reforma” de Bolsonaro passará pela intensificação da repressão e violência contra os manifestantes.

Desde as jornadas de junho de 2013, as ações dos agentes de segurança pública são marcadas pelo uso dessas armas que, embora sejam consideradas não-letais, ou como alega o diretor “mostram que é possível ter proporcionalidade em todo o confronto”, na verdade, são suficientemente capazes de oprimir os manifestantes e forçar a dispersão e realização de atos com violência e danos físicos.

Marinho explica, no entanto, que cabe treinamento para impedir a violência por parte dos policiais. Uma das principais exportadoras do setor de defesa do Brasil, as armas não-letais da Condor também ganham fama por estarem presentes em atos repressivos pelo mundo afora.