Violência no Carnaval

Policiais militares são afastados após quebrarem braço de dirigente petista

Geovani Doratiotto é advogado e presidente do diretório municipal do PT em Atibaia; com camiseta Lula Livre, foi algemado e levado pela PM após ser agredido, segundo a companheira, por apoiadores de Jair Bolsonaro

Reprodução

‘Quebraram o úmero e ele perdeu o movimento dos dedos’

São Paulo – Os policiais militares envolvidos na ação que quebrou o braço do advogado e presidente do diretório municipal do PT em Atibaia, Geovani Leonardo Doratiotto da Silva, foram afastados. Segundo Phamella Dal Bello, companheira de Geovani, na segunda-feira (3) o advogado teve o braço quebrado por um policial por questionar as lesões e o uso das algemas. “Quebraram o úmero e ele perdeu o movimento dos dedos”, relata.

A informação do afastamento dos PMs foi confirmada ao UOL pelo ouvidor da polícia do estado de São Paulo, Benedito Mariano. “De acordo com a Corregedoria da PM, eles ficarão afastados até a conclusão da investigação.”

Nas redes sociais, Phamella descreveu a agressão. “Ontem eu, meu companheiro e outros camaradas estávamos participando da ação contra o assédio no carnaval e fomos interceptados por bolsominions. Geovani vestia uma camiseta do Lula, fomos xingados e ofendidos da maneira mais raivosa possível, quando viramos para ir embora um deles deu um murro no olho do Geovani e os outros pularam em cima dele da maneira mais covarde segurando o cabelo dele pressionando o rosto contra o chão, chutes na cabeça e nas costelas, dois seguravam e outros batiam.”

Ainda segundo Phamella, quando chegaram à delegacia, Doratiotto foi algemado. “Com duas algemas que eles apertaram o quanto puderam para machucar. Quando aleguei que ele era diabético e que as extremidades estavam machucadas e arroxeadas eles então soltaram.” 

Ela afirma que quando questionaram o motivo de ele ter sido algemado e os agressores estarem soltos do lado de fora, o policial teria dito que toda aquela agressão era pouca.

Do lado de fora eu vi policiais nitidamente defendendo as agressões direcionadas ao Geovani pelo simples fato do meu companheiro vestir uma camiseta do Lula.” 

Phamella lamenta: “Vivemos uma das fases mais obscurantistas da história do país, somos atacados gratuitamente e nossas vidas valem menos do que uma camiseta. Não nos calaremos”.

Corregedoria da PM vai apurar 

O vídeo com a gravação da agressão a Doratiotto (veja abaixo) foi enviado à Corregedoria da Polícia Militar solicitando uma investigação sobre o caso. 

Nele é possível ver o dirigente petista questionando: “E vão fazer o quê depois de me algemar?”.

Um pouco depois, policiais militares e um homem em trajes civis o agarram pelas costas e o levam para uma sala da delegacia. O braço esquerdo é puxado por um dos PMs. É possível ouvir um estado e uma das pessoas presentes dizer “quebrou o braço”.

Mariano afirmar que conduzirá sua própria apuração e ouvirá Doratiotto em depoimento marcado para a tarde de quarta-feira (6).

“O vídeo mostra que a quebra do braço é resultado do uso excessivo da força por parte dos policiais militares, a princípio. Vamos começar a apuração ouvindo Doratiotto, que passará por exames de corpo delito, caso já não tenha feito. Vamos pedir também o registro da ocorrência na delegacia”, afirmou o corregedor.

A Secretaria da Segurança Pública informou em nota que a PM instaurou um inquérito policial militar para apurar a conduta dos agentes envolvidos na ocorrência.

Ouça entrevista de Geovani Doratiotto à Rádio Brasil Atual

Vítima de agressão relata os detalhes da violência sofrida e da cumplicidade policial

 

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