Dores evitáveis

As tragédias do Flamengo e da Chapecoense e os puxadinhos do futebol

João Paulo Medina, criador da Universidade do Futebol, está no 'Entre Vistas' desta quinta, 22h, com Juca Kfouri, ao lado de José Trajano e de Mara Paiva, viúva de Mário Sérgio

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São Paulo – O incêndio no Centro de Treinamento (CT) do Flamengo, em Vargem Grande, no Rio de Janeiro, na sexta-feira (8), que matou 10 atletas da categoria de base do time, deverá levar jogadores e dirigentes a pensar sobre como tornar o futebol brasileiro mais saudável. É o que defende o ex-preparador físico e criador da Universidade do Futebol João Paulo Medina, que nesta quinta-feira (14), às 22h, participa do programa Entre Vistas, com Juca Kfouri, na TVT.

O jornalista José Trajano participa da conversa, ao lado da psicóloga Mara Paiva, especializada em recursos humanos, vice-presidente da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da ChapecoenseMara é viúva de Mário Sérgio Pontes de Paiva, que foi jogador, técnico e atuava como comentarista da Fox quando viajava no fatídico voo da Chapecoense em novembro de 2016, no qual morreram 71 pessoas.

“Há necessidade de uma união de esforços, a começar pela CBF. E que isso sirva para a gente discutir como podemos construir algo saudável para o futebol brasileiro, esse é o ponto. Não é só com medidas de punição, sobre quem é o culpado, mas discutir como se dá esse processo”, afirma, referindo-se ao certificado de formador, concedido pela CBF para alguns clubes para o desenvolvimento das categorias de base, mas insuficiente para garantir a segurança dos jovens, como mostra esse episódio no Ninho do Urubu, como é conhecido também o centro de treinamento do Flamengo.

O certificado é concedido a cerca de 50 clubes no país e há times de grande porte que não o possuem. “Tem exigências que poderiam evitar muitos problemas, mas não são feitas com o rigor necessário. E quando se trata de clubes maiores, o jeitinho fica mais facilitado”, afirma ainda o ex-preparador físico para quem os certificados deveriam envolver mais critérios e mais rigor para ser tornar uma ferramenta efetiva e garantir a segurança dos jovens.

Mara vê as tragédias, a do Ninho do Urubu ou do voo da Chape, como falta de atenção à vida humana. “Isso é muito triste, da mesma forma que a situação do meu marido e seus companheiros, é uma falta de cuidado, de zelo, de cuidado, de preparo. Você não dá atenção à vida humana, e o segmento do futebol tem muito isso, é triste constatar, mas imprensa também tem muito isso, então, o dinamismo do futebol, da imprensa esportiva, faz com que esses critérios, esses cuidados não existam”, afirmou Mara, lembrando o caso do voo, em que o time dependia de uma combinação de resultados para saber quando viajava, o que torna-se um arranjo de última hora bastante complicado.

“O futebol brasileiro vive de puxadinho. Só que esqueceram de uma coisa fundamental: ali onde eles estavam alojados era a segunda casa deles. E em um lugar que não poderia ser: em um estacionamento, onde foram colocados contêineres com uma saída só”, disse Trajano, destacando que se isso acontece com o time mais popular do Brasil, em tese o time mais rico, “que construiu um CT digno de Europa, o mais moderno do país”, é de se esperar que outros times, com menos recursos, tenham ainda situações mais precárias.

Confira o Entre Vistas a partir das 22h

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