Caso pensado

Secretário de Saúde responde a falta de ação com promessa para ano eleitoral

Em dois anos, área da saúde em São Paulo teve menos investimento do que em 2016. Agora, secretário promete novas unidades de saúde a ser inauguradas com financiamento do BID

Câmara de Sp e Folhapress

Prefeito Covas e secretário Aparecido preocupados em ficar na foto. Juliana Cardos: ‘Tememos redução no atendimento’

São Paulo – Pressionado sobre os baixos investimentos realizados pela gestão do prefeito paulistano Bruno Covas (PSDB), o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, disse que novas unidades de atendimento serão inauguradas entre o final de 2019 e o início de 2020, coincidindo com a chegada do período em que Covas deve concorrer às reeleição. A verba para as ações virá de um financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com contrato a ser firmado no final de março.

Parte das obras previstas de Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) já consta do orçamento da cidade há, pelo menos, dois anos. Por exemplo, a unidade Parque das Flores estava no orçamento de 2018 com R$ 1,9 milhão. Nenhum centavo foi investido. As UPAs tinham R$ 74,9 milhões previstos, mas apenas R$ 15 milhões foram gastos. O financiamento do BID será de cerca de US$ 100 milhões. E a prefeitura deve compor uma contrapartida de igual valor. “É um financiamento muito estratégico para a cidade”, destacou Aparecido.

Na saúde, a soma dos investimentos dos dois primeiros anos da gestão Doria/Covas (R$ 194,3 milhões) é inferior ao aplicado no último ano da gestão Haddad (R$ 239,1 milhões). De 13 unidades básicas com obras previstas no orçamento, apenas uma teve ampliação dos investimentos, em relação a 2016. Mesma situação das oito Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) relacionadas.

O secretário negou que o decreto municipal 58.636/2019, que propõe a renegociação dos contratos com as organizações sociais de saúde e assistência social vá levar a cortes nos serviços. “Fizemos ajuste com as OS. Economizamos R$ 92 milhões. Elas já tinham recursos em caixa e isso não vai levar nenhum corte de serviço”, afirmou. No entanto, o próprio decreto diz que o resultado das renegociações pode ser uma redução de custos ou de atividades.

“Não está claro como isso vai funcionar. Tememos que isso sirva, sim, de desculpa para redução no atendimento à população. Nos últimos dois anos houve cortes de significativos de serviços”, ressaltou a vereadora Juliana Cardoso (PT). 

Em 2018, a gestão Covas gastou 94% do orçamento da saúde e aplicou R$ 4,5 bilhões nas unidades geridas pelas organizações sociais, que administram a maioria das unidades básicas. Apesar disso, houve queda no número de consultas realizadas em UBS no último ano. Foram 14,4 milhões de consultas médicas em 2018, ante 15,3 milhões em 2017 e 15,4 milhões em 2016.

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