'resistir é preciso'

Jornalista refunda o ‘Varadouro’, publicação do movimento dos seringueiros no Acre

Jornal se destacou por dar voz aos trabalhadores do campo e às comunidades locais e foi o primeiro veículo a entrevistar o líder seringueiro Chico Mendes

Hugo Costa

Elson Martins criou o Varadouro em 1977, durante a ditadura civil-milita, e fez publicações até 1981

São Paulo – O jornal Varadouro, responsável por dar voz à comunidade no Acre na década de 1970, está de volta. Em meio aos ataques ambientais à Amazônia, o jornalista Elson Martins está relançando o veículo por meio das mídias digitais para criar uma frente de resistência e de defesa do meio ambiente.

O Varadouro nasceu em 1977, durante a ditadura civil-militar, e fez publicações até dezembro de 1981. Ao todo foram 24 edições, editadas e idealizadas pelos jornalistas Elson Martins e Silvio Martinello, com diversos colaboradores. O veículo surgiu no calor do conflito dos anos 1970, entre grandes latifundiários e fazendeiros no Acre contra pequenos extrativistas remanescentes da época dos seringais. 

De acordo com Martins, a volta do agronegócio como pauta do governo federal preocupa. Na opinião do jornalista, as comunidades locais e o meio ambiente estão ameaçados, e o veículo será utilizado para ser não só um canal de denúncias mas também para dar voz às pessoas da região.

“Temos uma missão mais nobre do que só combater o Bolsonaro. Queremos mostrar o valor da Amazônia, ouvir as pessoas invisíveis da sociedade, mas que vivem em contato com a natureza. É preciso mostrar que na região existem segmentos que podem servir de exemplo para a humanidade”, afirma Martins, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.

O Varadouro se destacou por dar voz aos trabalhadores do campo e aos índios da região, ajudando-os a organizar um forte movimento que integrou a luta por melhores condições de vida e pela defesa da floresta contra a ganância predatória de madeireiros e pecuaristas. Foi o primeiro jornal a publicar uma entrevista com Chico Mendes, líder dos seringueiros que se tornou um colaborador ativo da publicação.

O portal do jornal já está disponível via Facebook e um site será lançado.

Ouça a entrevista

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