Balanço

Intervenção no Rio é ‘modelo’ a não ser seguido

Segundo o Observatório da Intervenção, ações policiais queimaram recursos sem contribuir para efetiva redução da violência e mortes causadas por agentes de segurança subiram 33,6%

Fernando Frazão/Agência Brasil

Intervenção militar no Rio reduziu mortes violentas em apenas 2%

São Paulo – Um ano atrás, em 16 de fevereiro de 2018, o governo Michel Temer decretava uma intervenção militar na segurança pública do estado do Rio de Janeiro. Após 320 dias, as iniciativas sob comando do gabinete da intervenção deixaram legado negativo. Consumindo ao todo R$ 1,2 bilhão, as ações registraram impacto pífio na redução da criminalidade, enquanto as mortes causadas por agentes de segurança subiram 33,6%. 

“O legado que a intervenção nos deixa é exatamente sobre o que não fazer na segurança pública”, aponta o coordenador de pesquisa doObservatório da Intervenção, Pablo Nunes, à repórter Ana Rosa Carrara, da Rádio Brasil Atual. O órgão é uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes (CESeC/Ucam), e contou com a participação de mais de 20 entidades da sociedade civil. 

Segundo balanço divulgado pelo Observatório, durante a intervenção, 6.041 pessoas foram mortas de maneira violenta no estado, o que representou uma redução de 2%, em relação a igual período de 2017. Segundo o pesquisador, além da falta de organização e estudo, a intervenção optou por ações policiais ostensivas, com baixo impacto efetivo na segurança. A opção dos militares foi priorizar crimes contra o patrimônio, em especial o combate ao roubo de cargas, que apesar do relativo sucesso inicial, voltou a subir no final do período. 

“O que a gente viu desde o começo é que a intervenção elencou como prioridade a redução do roubo de cargas. A partir do final do ano, quando as operações começaram a ser menos frequentes, essa modalidade voltou a crescer. No último trimestre de 2018, os roubos de cargas acumularam aumentos seguidos. Então nem mesmo nas prioridades definidas pela própria intervenção a gente viu um combate eficiente”, criticou o membro do observatório.

Outro “absurdo” ocorrido durante a intervenção foi a execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Ocorrido há 11 meses, o crime ainda não foi elucidado. Para Nunes, a morte de Marielle é um ataque às instituições democráticas, e a falta de respostas representa traz riscos para toda a população e para os defensores dos direitos humanos principalmente.

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