pra onde foi?

Covas arrecada mais e investe menos em educação, saúde e combate a enchentes

Dados da execução do orçamento de 2018 mostram que arrecadação da prefeitura subiu 12,5%, em dois anos. Mas áreas essenciais, como transporte e subprefeituras, recebem menos investimento

Marcelo Camargo/ABR

Com cortes em áreas essenciais, problemas enfrentados pela população de São Paulo podem estar sendo alvos de tática eleitoreira

São Paulo – As gestões do prefeito da capital paulista, Bruno Covas, e de seu antecessor, João Doria, ambos do PSDB, foram beneficiadas com um significativo aumento da arrecadação de impostos. Entre 2016 e 2018, as receitas correntes – IPTU, ISS, ITBI, ICMS, IPVA – cresceram 12,5%, no conjunto. Apesar disso, a gestão Covas manteve baixos os investimentos na cidade, em áreas como saúde, educação, controle de enchentes, transporte e também os serviços realizados pelas subprefeituras. O caixa da prefeitura, porém, chegou a receber R$ 7,3 bilhões, maior valor dos últimos seis anos.

Os dados do orçamento indicam que arrecadação superou em R$ 300 milhões o estimado pela gestão Covas para 2018. Mesmo assim, o investimento total foi de R$ 1,8 bilhão. Em 2017, a situação foi mais grave, com investimento de apenas R$ 1,3 bilhão. Em 2016, último ano da gestão de Fernando Haddad (PT), os investimentos foram de R$ 2,6 bilhões, 44% maior que no ano passado.

O vereador Alfredo Alves Cavalcante, o Alfredinho (PT), acredita que a gestão Covas está guardando dinheiro para dar um “banho de loja” e maquiar a cidade no próximo ano, quando o prefeito deve concorrer à reeleição. “Nem coisas simples como limpeza de córregos estão fazendo direito. Essa economia não visa grandes obras, que não poderiam ser feitas em um ano. É mais para dar um banho de loja, atender aquelas reclamações recorrentes da população, sobre entulho, lixo, poda de árvore, buracos, pra parecer que a cidade está bem”, afirmou.

A área de urbanismo – onde se enquadram obras de construção, reformas e melhorias – foi uma das mais afetadas pelo baixo investimento. Dos R$ 830 milhões previstos, apenas R$ 480 milhões foram gastos, sendo a maior parte no recapeamento de ruas e avenidas. Ações como a implantação de novos pontos de iluminação pública, construção de Centros Educacionais Unificados (CEUs), intervenções de controle de cheias em bacias de córregos e construção de unidades de saúde foram parcialmente realizadas.

Na saúde, a soma dos investimentos dos dois primeiros anos da gestão Doria/Covas (R$ 194,3 milhões) é inferior ao aplicado no último ano da gestão Haddad (R$ 239,1 milhões). De 13 unidades básicas de saúde com obras previstas no orçamento, apenas uma teve ampliação dos investimentos, em relação a 2016. Mesma situação das oito Unidades de Pronto Atendimento (UPA) relacionadas.

A mobilidade urbana é uma das áreas mais afetadas. A implantação e modernização de corredores de ônibus teve corte de 36% em relação a 2016. Já a modernização dos sistemas de semáforos e a construção de ciclovias ficou totalmente parada, com investimento zero em 2018.

Nas subprefeituras, 28 das 32 regionais registraram queda na execução orçamentária em relação a 2016. Apenas Parelheiros, Capela do Socorro, Jabaquara e Sapopemba tiveram aumento no gasto com as ações em 2018. Vila Prudente, Ermelino Matarazzo, Cidade Tiradentes, Itaim Paulista, Ipiranga e Casa Verde/Cachoeirinha deixaram de gastar mais de 25% do orçamento previsto para varrição de ruas, limpeza urbana e outras ações de bairro.