Tragédias

Em meio à lama do crime da Vale, luto e revolta marcam atingidos

Psicóloga explica que perdas múltiplas potencializam aspectos traumáticos de familiares e amigos. União por justiça pelos atingidos pode facilitar processo dos enlutados

Ricardo Stuckert

“Essas pessoas perderam familiares, amigos, casas, lugares de referência… elas perderam muita coisa”, afirma Beatriz

São Paulo – Um mês após o crime ambiental da Vale em Brumadinho (MG), o corpo de bombeiros ainda tenta localizar ao menos 126 pessoas desaparecidas desde o rompimento da barragem, que já deixou um total de 182 mortos, segundo balanço da Defesa Civil desta quarta-feira (27).

Não à toa, o sentimento de luto e revolta marcam a população desde então. Um resultado direto não apenas das perdas afetivas, mas da imprevisibilidade, acompanhada da ideia de que a tragédia poderia ter sido evitada pela mineradora, como analisa a psicóloga e integrante do Quatro Estações Instituto de Psicologia, Beatriz Damato.

Em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual, a psicóloga avalia que há diversos aspectos que potencializam um luto mais traumático. “Foram perdas múltiplas e simbólicas, essas pessoas perderam familiares, amigos, casas, lugares de referência na cidade onde moravam… Elas perderam muita coisa”, explica Beatriz, citando ainda a falta dos corpos para concluir o rito da perda como um complicador a mais em um processo complexo por si.

Para a psicóloga, nesse momento, é ainda mais significativo o fortalecimento da união entre os atingidos pelo crime da Vale, até mesmo para cobrar os responsáveis. “Quando estou acompanhada de pessoas que passaram pelo que passei, apesar do luto ser algo bem individual, sinto que posso compartilhar a dor, ser ouvida, dividir, e que não estou sozinha nesse caminho”, observa.

Ouça a entrevista na íntegra

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