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Covas impõe sigilo sobre situação de pontes e viadutos em risco

Prefeito afirma que prefeitura quer ter controle das informações que chegam à população. Empresas de vistoria podem ser penalizadas judicialmente

Fábio Vieira/FotoRua/Folhapress

O prefeito quer ter controle das informações que serão divulgadas à população sobre a situação de pontes e viadutos

São Paulo – A gestão do prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), impôs sigilo aos relatórios de vistoria aprofundada que serão realizadas por empresas em, pelo menos, oito pontes e viadutos da cidade. Um termo de confidencialidade foi incluído nos contratos. Covas confirmou que pretende controlar as informações que chegam à população. “(É) para a gente ter controle, saber que o que vai ser divulgado diz respeito ao que foi pesquisado. Precisamos ter tranquilidade e divulgar tudo aquilo que a população precisa saber e ter tranquilidade para não ter a divulgação de dados parciais que não condizem com a realidade”, disse em coletiva de imprensa, no sábado (9).

No dia 4, um parecer técnico de vistoria da Secretaria de Obras, divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, revelou que seis pontes e viadutos da capital paulista correm risco iminente de queda: pontes Cidade Universitária, Eusébio Matoso e Cidade Jardim (zona oeste); viadutos Gazeta do Ipiranga e Grande São Paulo (zona sul) e viaduto General Olímpio da Silveira (centro). O risco indica a necessidade de contratação emergencial de inspeção aprofundada e obras de recuperação.

Covas, no entanto, afirma que houve “erro de redação” no documento divulgado. “Divulgaram atas mal redigidas, criando confusão na população. A gente está com um problema muito sério e grave, não podemos ter laudos parciais, laudos incompletos sendo divulgados”, afirmou. Segundo a prefeitura, o sigilo se refere apenas aos documentos das empresas. E garante que as informações completas sobre a situação das pontes e viadutos serão divulgadas. As empresas devem ser contratadas até o final desta semana.

A ação de inspeção foi tomada após o viaduto da pista expressa da Marginal Pinheiros ceder dois metros em novembro do ano passado. No mês passado, o viaduto de acesso da pista expressa da Marginal Tietê para a rodovia Presidente Dutra foi interditado preventivamente após vistoria. O promotor de Justiça de São Paulo Marcelo Milani convocou Covas para prestar depoimento em investigação sobre a manutenção de pontes na capital paulista.

Isso porque a prefeitura de São Paulo não vem aplicando a verba de manutenção de pontes e viadutos disponível no orçamento municipal. Em 2018, foram gastos apenas R$ 2,4 milhões dos R$ 44,7 milhões disponíveis. Em 2017 a situação foi ainda pior: foram gastos apenas R$ 1,5 milhões. E o orçamento para este ano sofreu uma redução de 59% em relação ao ano passado: estão disponíveis apenas R$ 18,2 milhões.

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