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Sindicato passa por onda de ataques. Invasores levam apenas documentos

Entidade do setor de vestuário de Sorocaba (SP) registrou duas invasões só em 2019. 'Nesta onda de extrema-direita, ficamos preocupadas. Nosso sindicato é pequeno, porém temos grande atuação política'

reprodução/google

Itens mais valiosos, como os televisores, não foram levados, mas sim quebrados

São Paulo – O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Sorocaba e Região, no interior paulista, enfrenta uma onda de invasões desde o ano passado. Apenas nos 10 primeiros dias de 2019, foram duas. A polícia ainda não esclareceu a questão, e as dirigentes estranham a natureza dos rombos. Nada de valor é levado nas invasões, apenas documentos.

A diretoria é formada por mulheres. Elas temem que os ataques não tenham relação com a criminalidade, e sim com a política. “No começo do ano levaram o balanço de caixa, pastas, estatuto, atas, cópias autenticadas. Reviraram os armários, como se procurassem algo. Estamos sem saber o que está acontecendo”, diz a secretária-geral da entidade, Márcia Gonçalves Viana.

“Nesta onda de extrema-direita, ficamos preocupadas. Nosso sindicato é pequeno, porém, temos uma grande atuação política dentro da cidade. Não só na questão da categoria, mas nas lutas sociais também. Isso pode incomodar”, completa. Os itens mais valiosos, como os televisores, não foram levados, mas sim quebrados.

Márcia explica que a extrema-direita tem grande representação na cidade. “Sorocaba é uma cidade muito conservadora, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) teve votação expressiva aqui. Vemos essa situação com muito cuidado, da forma como o movimento sindical pode passar a ser tratado.”

Mesmo a região sendo majoritariamente conservadora, os sindicatos exercem funções importantes de defesa dos trabalhadores, e vêm conseguindo vitórias. “Durante o governo Temer, mesmo com a reforma trabalhista, com nossa luta, barramos algumas coisas. Não tivemos muitos retrocessos”, afirma Márcia.

“Os sindicatos da região conseguiram fechar os acordos coletivos no fim do ano passado. Nós fechamos com um pouquinho de aumento real e conseguimos incluir cláusulas de garantia de direitos”, completa.

Entretanto, o temor é que a agenda de ataques contra direitos, que começou com Temer, seja ampliada com Bolsonaro. “Temos que nos fortalecer para que o que vier. Os empresários estavam inseguros ainda, mas agora, com Bolsonaro, eles devem vir com tudo”, finaliza.

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