retrocessos

São Paulo prefere aumentar tarifas em vez de baratear custos do transporte coletivo

Novos valores das passagens na capital paulista trazem impacto maior para usuários que moram longe e precisam integrar o transporte entre ônibus e trens

Rovena ROsa/EBC

‘Prefeitura precisa achar formas de financiar o custo do transporte para não precisar cobrar só do usuário’, diz especialista

São Paulo – Especialistas ouvidos pela TVT avaliam que, além de prejudicar os trabalhadores, o aumento – acima da inflação – das passagens do transporte público em São Paulo não acompanha a renda da população. 

aumento para os ônibus, trens e metrô na capital paulista foi anunciado em 29 de dezembro pelo prefeito Bruno Covas (PSDB). A passagem subiu de R$ 4 para R$ 4,30 – percentual de 7,5%, ante inflação estimada em cerca de 3,5% no ano passado. A gestão Covas justifica que não houve reajuste em 2016 e 2017 e que em 2018 o reajuste ficou abaixo da inflação.

De acordo com Rafael Calábria, pesquisador de mobilidade urbana do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o aumento é uma escolha errada. “Ele foi tratado como única opção. A questão da inflação ocorre todo ano, mas a prefeitura e o governo estadual precisam achar formas de financiar o custo do transporte para não precisar cobrar só do usuário na tarifa”, critica.

Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o transporte custaria, hoje, R$ 3,82 em valores corrigidos desde 2004, quando o bilhete único foi criado.

Rafael afirma que o aumento da tarifa causa um impacto maior para usuários que moram longe e precisam integrar o transporte em ônibus com os em trens. “A prefeitura fica usando manobras e criando dados para tentar reduzir o impacto do que ela fez, por que não faz um serviço organizado de buscar fundos e baratear o transporte”, afirma o pesquisador.

Silvana Maria, professora de Transporte e Mobilidade Urbana da Universidade Federal do ABC (UFABC), a tarifação deve seguir a média de custo de vida da população. “Mesmo que a gente tenha algumas outras estratégias de pagamento do transporte, como o vale-transporte, o custo deste serviço para o usuário tem de ser compatível à sua capacidade de pagamento”, explica.

O encarregado de manutenção Isaías Adriano Silva utiliza coletivos da cidade de São Paulo e se queixa da falta de qualidade e de alcance do transporte público, apesar do aumento no preço. “O que chateia a gente nem é a infraestrutura, mas a falta de acesso para todo mundo. Se você aumentar a infraestrutura, mas só um grupo utiliza isso, não é algo social”, lamenta.

Movimento Passe Livre (MPL) realiza nesta quinta-feira (10) protesto contra o reajuste no valor da tarifa do transporte público em São Paulo. O ato está marcado para as 17h, na Praça Ramos de Azevedo, no centro da capital.

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT:

Leia também

Últimas notícias