Fora da lei

Madeireiros invadem Terra Indígena Arara, no Pará

Grupo está no local desde 30 de dezembro para extrair madeira ilegalmente. Funai não confirma possibilidade de confronto entre indígenas da aldeira Laranjal e os invasores, mas acompanha o caso

Juan Doblas-ISA

Área desmatada na Terra Indígena Cachoeira Seca, na mesma região da TI Arara: ação ilegal de madeireiros

São Paulo – A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou nesta quinta-feira (3) que monitora uma de invasão de madeireiros na Terra Índigena (TI) Arara, localizada entre as cidades de Uruará e Medicilândia, no sudoeste do Pará.
Um grupo de madeireiros invadiu e está na área desde 30 de dezembro para extrair madeira de forma ilegal e ocupar a terra com demarcação de lotes. As informações são do portal G1.

A Funai diz acompanhar o episódio, embora não confirme a possibilidade de confronto entre os indígenas da aldeia Laranjal e os invasores. A área tem no total 274.010 hectares e teve limites homologados pelo Decreto 399, de 24 de dezembro de 1991.

Durante visita de uma delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) ao Brasil, realizada em novembro, representantes de povos indígenas da região de Altamira, onde fica a TI Arara, já haviam denunciado violações a seus direitos territoriais.

De acordo com reportagem publicada no site do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), uma liderança local entregou aos integrantes da comitiva um documento denunciando invasões e o roubo recorrente de madeira dentro do território, com fotos mostrando toras de madeira recém cortadas.

“Em outubro, fomos fazer uma expedição dentro da terra indígena e encontramos muitas madeiras novas, recém cortadas. Muitas vezes os madeireiros ficam nos ameaçando, como se a terra fosse deles”, explicou Tabá Arara, cacique de uma das seis aldeias existentes na TI Arara, na ocasião. “Estamos muito preocupados. A retirada dos invasores está paralisada. Eles estão desmatando, poluindo nosso rio, matando nossos peixes e nossas as caças.”

Funai esvaziada 

Logo após tomar posse, em sua primeira medida provisória, o presidente Jair Bolsonaro determinou que a identificação, delimitação e demarcação de terras indígenas no país, antes sob responsabilidade da Funai, passasse agora para o Ministério da Agricultura. A pasta também incorporou o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), retirado do Ministério do Meio Ambiente.

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, David Karai Popygua, liderança guarani da Terra Indígena Jaraguá, na zona norte de São Paulo, avaliou a mudança como uma ameaça aos povos originários. “Bolsonaro coloca os povos indígenas abaixo dos ruralistas para que todos os interesses de exploração e os territórios sejam entregues a eles. É uma ameaça grotesca porque não dá direito algum aos povos de se defender e nem de ter algum direito”, disse.

“Até as pessoas que votaram nesse governo têm que se manifestar, porque são medidas absurdas. Estamos falando da vida dos povos indígenas”, defendeu Popygua.