Onda de violência no Ceará revela falta de política nacional de segurança
Sociólogo da Universidade Federal do Ceará critica também a política de encarceramento em massa promovida no Brasil
Publicado 22/01/2019 - 12h51
César Barreiras contesta lógica de encarceramento em massa e diz que medida também é responsável por crise na segurança
São Paulo – A ausência de um pacto federativo relativo à questão da segurança pública tem alimentado a crise no setor que atravessa diversos estados brasileiros, mas sobretudo o Ceará, na análise do sociólogo César Barreira, coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (LEV-UFC).
O estado voltou a registrar ataques criminosos nesta semana dando continuidade à onda de violência que na segunda-feira (21) chegou ao seu vigésimo dia. De acordo com informações do portal G1, desde o início de janeiro foram registrados 218 ataques contra veículos, prédios públicos, prefeituras e estabelecimentos comerciais em 46 cidades.
“Enquanto a gente não atacar isso com uma política nacional de segurança pública, não vamos resolver esse problema”, avalia o coordenador em entrevista ao jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual. “Nós teremos essa nacionalização (das facções). Bandido migra, os problemas migram também”.
Barreira atribui a atual crise a fatores como a disputa entre facções nacionais e locais presentes no Ceará, considerado uma importante rota para o tráfico de drogas internacional. Para o sociólogo, a lógica de encarceramento em massa acaba alimentando a situação.
“No Brasil se prende muito, mas se prende mal”, aponta. “Temos que trabalhar a educação, a formação e humanização no interior dos presídios.”
Ouça a entrevista na íntegra
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