vidas em risco

Após mudanças na Funai, indígenas organizam a resistência

Lideranças e grupos debatem políticas para a população já anunciadas pelo governo Bolsonaro, que entre outras medidas, passou a decisão sobre demarcação de terras para os ruralistas

EBC

Indígena da etnia Pankararé relata o medo da onda de violência que pode se intensificar contra os povos, durante o governo Bolsonaro

São Paulo – O decreto de Bolsonaro que retirou da Fundação Nacional do Índio (Funai) a tarefa de identificar e demarcar terras indígenas preocupa cada vez mais a comunidade. As comunidades do povo indígena têm se organizado para debater a questão e organizar núcleos de resistência, como forma de tentar reverter a situação. 

Aos 23 anos, Maurílio Karai Mirim, que mora numa pequena aldeia em São Bernardo do Campo (no Grande ABC paulista), relata a insegurança e o medo de ter que deixar sua terra. “É sagrado para nós. O que precisamos, hoje, é da terra. Temos nossas crianças que precisam dessa demarcação, sem isso, tudo vai ser difícil”, afirma ao repórter Leandro Chaves, da TVT.

Durante reunião na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, nesta quinta-feira (10), dois atos públicos foram marcados para esta sexta (11) – um em São Bernardo do Campo e outro, em São Paulo – para cobrar o retorno imediato das demarcações de terras para a Funai. Antes das manifestações, os indígenas irão protocolar um documento no Ministério Público Federal (MPF) pedindo a revogação da MP que decretou a transferência de responsabilidades.

O sentimento de preocupação se espalha em diferentes regiões do país. Pedro Henrique da Silva, da etnia Pankararé, já perdeu o cacique da sua aldeia, assassinado na Bahia, em novembro de 2018. Ele relata o medo de que se intensifique a violência contra os povos indígenas. “Minha liderança principal foi fuzilada pelos fazendeiros, porque lutou muito por aquela terra”, denuncia.

O fórum de apoio e defesa dos direitos dos povos indígenas começou a se articular após o governo Bolsonaro passar as demarcações de reservas e terras ancestrais ao Ministério da Agricultura.

“O que a equipe de Jair Bolsonaro fez foi agir com senso comum, por interesses de uma certa categoria da sociedade. Ele tomou uma ação que não foi estudada, nem chamou os principais atores para conversas: os povos indígenas. Quem tem de decidir sobre a Funai são os povos indígenas”, afirma à reportagem o gestor ambiental Edmilson Gonçalves. 

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT

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