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Após medida de Temer, rádios comunitárias poderão ser alvo de Bolsonaro

Cerca de 130 veículos independentes foram fechados pelo governo de Michel Temer em 31 de dezembro. 'A mídia alternativa, que é mais frágil, pode sofrer riscos', alerta especialista

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Parte das emissoras tiveram suas outorgas suspensas, o que só produzirá efeitos legais após deliberação do Congresso

São Paulo – O futuro das rádios comunitárias está em risco, alerta a jornalista e coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Renata Mielli. Após o ex-ministro de Ciência e Tecnologia Gilberto Kassab fechar cerca de 130 veículos independentes, no apagar das luzes do governo Temer, ela teme um possível aumento da repressão e da censura por parte do novo governo de Jair Bolsonaro.

Após o presidente atacar veículos comerciais, como o jornal Folha de S.Paulo, a especialista acredita que as rádios comunitárias também passarão a ser alvo. “Podemos ver que os veículos de comunicação, comerciais ou não, são tratados como adversários do atual governo. É um presidente que não aceita crítica, não estabelece debate público. A mídia alternativa, que é mais frágil, pode sofrer riscos”, lamenta.

No último dia 31 de dezembro, o governo de Michel Temer publicou no Diário Oficial da União a extinção de 130 rádios comunitárias. Parte das emissoras teve suas outorgas suspensas, o que só produzirá efeitos legais após deliberação do Congresso Nacional. Renata conta que não houve diálogo com as entidades públicas de comunicação. “Qual é a urgência disso? Isso é uma discricionariedade enorme, um posicionamento político do ministério para a criminalização da radiodifusão comunitária. Há uma truculência”, critica.

Para justificar a medida, o ministério alegou descumprimento de algumas condições para que as emissoras tivessem a renovação ou manutenção de suas outorgas. “As rádios comerciais, que atuam nas pequenas cidades, também possuem diversas irregularidades, então a gente questiona se as mesmas medidas também foram tomadas com as elas”, ressalta Mielli.

A jornalista lembra da importância das emissoras independentes como instrumentos de comunicação, em especial nos pequenos municípios. “Um dos exemplos recentes foi, em 2011, quando houve aquele desabamento em Petrópolis, e uma rádio comunitária ficou prestando serviços à população e localizando desaparecidos”, finaliza.

Ouça a entrevista, na edição da tarde do Jornal Brasil Atual, a partir do minuto 50:30: