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Descida a Santos reuniu 40 mil ciclistas no domingo

Adesão histórica de apoio à bicicleta foi a resposta da sociedade à violência com que os ciclistas foram tratados na descida de 2017

RBA

Adesão histórica de apoio à bicicleta foi resposta à violência com que os ciclistas foram tratados na descida de 2017

São Paulo – Um dos maiores eventos ciclísticos do mundo foi realizado neste domingo (2) em São Paulo, com a adesão de 40 mil ciclistas ao passeio entre a capital e Santos, pela pista norte da Via Anchieta. A grande mobilização para a descida, que ocorre desde 2009 organizada pelas redes sociais, foi a resposta que a sociedade deu à violência das bombas de gás lacrimogênio e da Tropa de Choque, com que então governador Geraldo Alckmin e a Ecovias, concessionária que administra o sistema Anchieta Imigrantes, trataram os ciclistas na edição do evento em 2017.

Desta vez, sem violência e com a adesão de pessoas da capital, interior e até de outros estados, o evento se revestiu de um caráter simbólico forte, para não deixar dúvida de que a bicicleta é um meio de transporte viável para uso no dia a dia, além de sustentável. A descida foi realizada com a pista interditada para os automóveis e o trajeto total, de 65 quilômetros, da estação Sacomã do Metrô, na zona sudeste da capital, até o centro histórico de Santos, foi feito em tempo superior ao previsto para a maioria dos participantes, em cerca de cinco horas, graças a pelo menos dois fatores  o grande número de ciclistas, e a chuva forte que se abateu sobre a serra  e sobre Santos durante a descida.

O imenso contingente de ciclistas travou o deslocamento ainda no trecho de 33 quilômetros do planalto, provocando o primeiro congestionamento de bicicletas na rodovia nas proximidades da represa Billings, um momento histórico, e que não recebeu reclamações por conta da importância política da mobilização. Por um bom tempo, era possível apenas caminhar empurrando a bicicleta, já que não havia como desenvolver velocidade.

Já na descida da serra havia espaço para pedalar, mas a chuva foi se intensificando a ponto de virar uma tempestade que marcou todo o deslocamento do último pelotão do evento, acompanhado pela reportagem da RBA. O ponto alto da descida foi o acesso a um dos mirantes da serra, que apesar das nuvens carregadas, permitia observar todo o litoral da Baixada Santista, e os ciclistas disputavam espaço no guard-rail para registrar suas fotos.

A má notícia ficou por conta dos 19 acidentes registrados pela Polícia Rodoviária, dois deles graves, um homem que teve fratura craniana ao se acidentar no km 49, em plena descida, e outro que também sofreu ferimentos na cabeça. Os demais ciclistas que tiveram problemas sofreram ferimentos leves.

Já aguardando o ônibus para voltar a São Paulo, no embarque do bairro José Menino, em Santos, o aposentado José Carvalho Abrantes Neto, ex-mecânico de automóveis e morador do bairro do Limão, na zona norte de São Paulo, comemorava a participação no evento. “A descida foi muito bacana, apesar de um pouco de congestionamento, porque foram muitos ciclistas, mais de 30 mil, mas foi um divertimento e um evento que ainda não tínhamos feito”, afirma o aposentado. “Eu já desci a Mogi-Bertioga, a Estrada Velha de Santos, mas esta, pela Anchieta, é a primeira vez. Então foi diferente, apesar de muita chuva que pegamos. Mas isso faz parte, foi bacana.”

O evento deste domingo na Anchieta deverá ser contabilizado para a história das duas rodas com pedal e figurar no mesmo ranking de mobilizações que traz, por exemplo, o One Bike One, em Taiwan, que há sete anos reuniu 114 mil pessoas pedalando ao mesmo tempo por todo o país, superando o recorde anterior, do ano 2000, em evento na Itália que reuniu 48 mil pessoas.

Confira o vídeo da RBA:

 

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