Estado laico?

Uso da religião como estratégia eleitoral compromete a democracia, avalia professor

Laicidade do estado é colocada em risco quando políticos aproximam a figura de Deus para garantir mais prestígio à sua própria imagem, como fez a campanha do presidente eleito, Jair Bolsonaro

TV Brasil/Reprodução

“A religião é saudável quando ela é o fim dela, não quando ela é o meio para outras coisas”, diz José Cláudio Ribeiro

São Paulo – O uso de Deus como cabo eleitoral, a indistinção entre eleitores e religiosos e a influência sobre a escolha política feita por líderes que professam alguma fé, marcaram neste pleito as fronteiras que permite a laicidade do Estado e, na análise do professor titular do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Jorge Cláudio Ribeiro, revelam o comprometimento da democracia.

Em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual, o professor e também jornalista e fundador da Editora Olho Dágua afirmou que a distinção entre a condução política governamental, das religiões praticadas pelas pessoas,  uma essência republicana que permite ao Estado ser laico, têm dado lugar ao populismo e à demagogia, expostas principalmente pela estratégia de Jair Bolsonaro (PSL) durante a campanha eleitoral.

“Acho que, de uma certa forma, os governantes, quando abdicam desse princípio ou usam palavras e referências religiosas, isso compromete a democracia e dá a impressão de populismo e demagogia em excesso”, declara Jorge Cláudio, que vê como respeitável o uso da religião quando ela limita-se ao espaço privado. “A religião é saudável quando ela é o fim (de uma busca), não quando ela é o meio para outras coisas”, afirma.

Ouça a entrevista completa:

Você pode conferir a partir de 59″08

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