Comissão da OEA critica falta de segurança dos usuários na Cracolândia
Vice-presidenta da Comissão Interamericana de Direitos Humanos criticou a ausência de respostas do Estado e ressaltou se tratar de questão de saúde pública
Publicado 08/11/2018 - 11h47
Durante visita à cena de uso da Luz, ex-usuários e entidades criticaram violência e programa Redenção de João Dória (PSDB)
São Paulo – Representantes da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) acompanharam, nessa quarta-feira (7), as condições às quais estão submetidos os dependentes de substâncias psicoativas na região da Luz, centro da cidade de São Paulo, conhecida como Cracolândia. O grupo apurou que os serviços de atendimento prestados aos usuários ainda não são suficientes para dar conta da situação de vulnerabilidade em que se encontram e defenderam que o tema deve ser tratado no âmbito da saúde pública.
“A forma como estão vivendo essas pessoas que acabamos de visitar, sinceramente, é uma situação de insegurança humana. Para falar de segurança, temos que falar primeiro de segurança humana e dar respostas a essa população”, declarou a vice-presidenta da CIDH, Esmeralda Arosemena, que vem acompanhando desde terça-feira (6) o panorama dos direitos humanos em diversas regiões do Brasil, pela primeira vez, em 23 anos.
A visita ocorre oito meses depois de entidades denunciarem junto à Comissão, que faz parte da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Bogotá, na Colômbia, casos de violações de direitos cometidas pelos governos municipal e estadual. À delegação, entidades, ex-usuários e os que estão em recuperação criticaram a descontinuidade das políticas públicas com a mudança de gestão, citando como exemplo o fechamento do programa De Braços Abertos, criado na gestão de Fernando Haddad (PT), para a implantação do Redenção, do agora governador João Dória (PSDB) que, segundo eles, atua sob uma ótica higienista.
A partir da visita, a expectativa das entidades é que novas políticas possam ser elaboradas para melhorar a vida da população da região.