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Por valorização e demarcações, mulheres indígenas encerram encontro em São Paulo

Manifestantes realizaram marcha, na tarde desta segunda-feira (3), pelo centro da capital paulista

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‘Nós, como mulheres indígenas, estamos aqui para quebrar a barreira da invisibilidade’, diz Ricarda Yapixana

São Paulo – O Encontro das Mulheres Indígenas de São Paulo, que teve como lema “Mulheres Indígenas Lutar é resistir”, reuniu cerca de 200 pessoas na Aldeia do Pico do Jaraguá, zona norte da cidade. Como parte da programação, as indígenas realizaram nesta segunda-feira (3) uma marcha nas ruas do centro da capital.

Maria Yarapotu, da Aldeia do Pico do Jaraguá, destaca que as mulheres indígenas precisam ser ouvidas nas suas necessidades e especificidades. “Nós não temos nem água direito dentro da comunidade. Se nós, mulheres, não começarmos a reclamar, vamos perder nossos direitos. A partir de hoje tem que ser comemorado o Dia Internacional da Mulher Indígena, a mulher indígena saiu para a luta e se transformou numa guerreira. Chega de nos escondermos”, defende.

O encontro contou com a presença de mulheres de várias etnias brasileiras e algumas de outros países, como a Bolívia. Para Sani Kalapalu, do Alto Xingu, a luta se fortalece com a união de todos os povos originários. “Eu, como uma mulher xinguana, gostaria de dizer que a intenção é fortalecer mais a luta, independente da etnia. Temos que dialogar, porque juntas temos muita coisa para mudar”, diz Sani, em entrevista à repórter Ana Rosa Carrara, da Rádio Brasil Atual.

Tamicuã Tiri, do povo Pataxó, afirma que o Brasil tem uma dívida histórica com os povos tradicionais desse território, que ela chama de Pindorama. “O estado de São Paulo tem uma grande dívida com os povos originários. O colonialista fez seu barranco, mas está prestes a desmoronar. Os rios estão secando e nos chamam de índios, mas nós somos civilizados e tratamos a natureza com cuidado.”

Ricarda Yapixana, uma das organizadoras do encontro, fala sobre as principais demandas das mulheres indígenas, entre elas a demarcação de terras e a valorização da cultura desses povos. “Foi algo inédito para nós, que lutamos e gritamos por respeito e pela demarcação de terras. Nós queremos manter a nossa cultura e identidade. Nós, como mulheres indígenas, estamos aqui para quebrar a barreira da invisibilidade”, aponta.

O Dia Internacional da Mulher Indígena, comemorado em 5 de setembro, homenageia Bartolina Sisa, mulher quéchua que foi esquartejada durante a rebelião anticolonial de Túpaj Katari, no Alto Peru.

Ouça a reportagem da Rádio Brasil Atual: