Evento da CUT-SP

Mulheres negras se unem contra ataques do governo Temer

Encontro Estadual de Mulheres Negras da CUT-SP levantou críticas à retirada de direitos sociais e trabalhistas. Debate no Rio tratou da representatividade na política

TVT/Reprodução

Para a filósofa e escritora Djamilla Ribeiro, feminismo negro vem se mostrando como um projeto antes de tudo democrático

São Paulo – No Encontro Estadual de Mulheres Negras da CUT-SP, realizado nesta quinta-feira (27), na sede da entidade, o movimento denunciou a precarização das políticas públicas voltadas à população negra desde a posse do governo golpista  de Michel Temer. Segundo as militantes, a retirada de direitos sociais e trabalhistas vem alimentando o racismo, a invisibilidade, a violência e a vulnerabilidade social das mulheres negras.

“Muitas coisas que a gente tinha conseguido estamos correndo o risco de perder totalmente”, afirma a integrante da Federação de Aposentados e Pensionistas da CUT Renilva Mota Ferreira, citando como exemplo a discussão sobre a política de cotas. “Não é só para as mulheres negras, eu digo que o povo negro de um modo geral, hoje, elas (políticas) estão ameaçadas”.

O evento também relembrou os 30 anos do 1º Encontro Nacional de Mulheres Negras, realizado na cidade de Valença, interior do Rio de Janeiro, considerado um marco do feminismo negro brasileiro. Que, para a filósofa e escritora Djamila Ribeiro, vem mostrando pela especificidade a construção de um projeto democrático.

“Se a população negra não está acessando direitos, se a maioria da população está sendo aviltada, então que projeto democrático é esse?, questiona a autora do livro Quem tem medo do feminismo negro? em entrevista à repórter Michelle Gomes, do Seu Jornal, da TVT. Para combater o retrocesso, as mulheres negras organizam um novo encontro nacional previsto para dezembro.

Conquistas e dificuldades 

Terminou também nesta quinta o 2º Diálogo Mulheres em Movimento: Alianças e Ações Coletivas, no Rio de Janeiro, com a participação de ativistas brasileiras e outros diversos países para a criação de laços entre as diferentes pautas do movimento feminista em todo o mundo. As mulheres negras também foram destacadas na luta por uma sociedade mais igualitária.

À repórter Viviane Nascimento, do Seu Jornal, a coordenadora da Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh) e integrante da Articulação de Mulheres Brasileiras, Schuma Schumaher, defendeu a representação política como um caminho para as mudanças sociais, mas ponderou a necessidade de uma reforma política.

“Nunca te vi um grupo tão grande de mulheres, com uma pauta tão transformadora como agora, mas infelizmente numa situação de disputar a desigualdade dentro da maioria dos partidos políticos. Sem uma reforma política profunda não haverá igualdade na participação das mulheres, nem de outros segmentos da sociedade como a população negra e população indígena”, afirma.

Assista à integra das reportagens:

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