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Moradores do Rio relatam violações cometidas durante intervenção federal

Foram 30 tipos de violações de direitos cometidas por agentes do Estado contra moradores de comunidades, de acordo com 300 relatos anônimos reunidos em relatório do Circuito Favelas por Direitos

Fernando Frazão/Agência Brasil

“Café da manhã do trabalhador que sai de madrugada às vezes é um tapa na cara”, relata morador

São Paulo – Relatório preliminar divulgado nesta quinta-feira (27) pelo Circuito Favelas por Direitos, que reúne órgãos do poder público e entidades da sociedade civil, indica que as Forças Armadas e as polícias do Rio de Janeiro cometeram 30 tipos distintos de violações de direitos contra a população das áreas que foram alvo de ações durante a intervenção federal decretada por Michel Temer (MDB) após o carnaval. 

São 300 relatos anônimos e espontâneos de moradores de 15 comunidades coletados desde abril em projeto coordenado pela Ouvidoria Externa da Defensoria Pública do Estado do Rio (DPRJ), e que contou com a colaboração da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, Defensoria Pública da União (DPU), Subsecretaria estadual de Direitos Humanos e organizações civis.

Os 30 tipos de violações incluem violação em domicílio, relatos de furto e roubo por parte de agentes de segurança, dano ao patrimônio, violência sexual, extorsão, ameaças, agressões físicas, execuções, disparos a esmo, entre outros.

“O Exército entrou aqui no bar e roubou o X-box do meu filho, comeu nossa mercadoria, levou a bebida, foi mais de 4 mil de prejuízo. A gente trabalha pra ter esse pouco e eles fazem isso”, relatou um comerciante que teve a identidade preservada. Outro morador conta que o seu portão foi arrombado sucessivas vezes. “Agora eu coloco só uma correntinha, porque não dá para ficar consertando toda hora.

Além de roubos e invasões, os relatos também apontam para o desrespeito dos militares e policiais em relação às mulheres. “Eles vêm revistar a gente já gritando, chamando a gente de piranha, mulher de bandido, drogada. Vem empurrando e mexendo na gente. Eu sei que só mulher que pode revistar mulher, mas se a gente não deixar, leva tapa na cara.”

Confira aqui o relatório completo do Circuito Favelas por Direitos