Novas narrativas

Em celebrações da Semana Farroupilha, luta dos lanceiros negros é relembrada

Instalação retratava manequins negros acorrentados em situação de tortura e agora mostra os escravos que lutaram durante a Guerra dos Farrapos

TVT/Reprodução

Reprodução de senzala foi criticada por deixar invisível luta pela liberdade e com o movimento de independência

São Paulo – A reprodução de uma senzala no Acampamento Farroupilha, em Porto Alegre, organizada pelo movimento tradicionalista gaúcho, causou polêmica ao retratar manequins negros acorrentados em situação de tortura. A instalação, que estava exposta desde o dia 7 de setembro, recebeu diversas críticas e após protestos e mobilização dos movimentos negros, foi fechada e reinaugurada nesta quarta-feira (19). Agora, ela retrata os lanceiros negros – heróis anônimos da Revolução Farroupilha.

As críticas se referiam à banalização da escravidão e à narrativa única que oculta a luta dos escravos tanto pela liberdade como na Guerra dos Farrapos, uma revolta da então província de São Pedro do Rio de Grande do Sul contra o governo imperial. “Como mulher negra, do movimento, a gente fica primeiro meio assustado e depois um tanto quanto revoltado, porque a gente sabe que essa é uma marca, uma ferida que ainda não sanou para nós negros”, explicou a professora Patrícia Pereira.

Em entrevista ao repórter Guilherme Oliveira, do Seu Jornal, da TVT, o integrante do piquete Aporreados do 38 Cleonilton Almeida afirmou que a recriação de uma senzala buscava retratar as condições da época. No entanto, para a professora e poeta Ana dos Santos, em uma comemoração que remete à revolução seria mais construtivo, principalmente para as crianças negras que visitaram o espaço com as escolas da região, levantar o papel de todos que contribuíram com ela.

“Várias crianças negras se viram acorrentadas, açoitadas nas suas almas, em vez de mostrar a história dos Lanceiros Negros. Para uma criança negra se espelhar no lanceiro, em um guerreiro, é bem diferente do que ver só o lado da escravidão”, finaliza a professora.

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